E rompeu as fronteiras do silêncio,... Viriato Andre

E rompeu as fronteiras do silêncio,

para buscar palavras ao vento,

que, sem noção, foram lançadas,

como lâminas invisíveis,

para causar sofrimento.



A relatividade do status pessoal

afoga qualquer paridade,

pois a coroa que pesa na cabeça da rainha

não pode repousar no plebeu.



E assim, a majestade se ergue,

mas não impera nos meros humanos,

que, despidos de títulos e tronos,

carregam dores mais pesadas

do que qualquer coroa poderia suportar.



O tempo, imparcial em sua essência,

não curva joelhos diante de castelos,

nem poupa o mendigo na calçada fria.

Todos sangram sob o mesmo céu,

e todos partem sob o mesmo silêncio.



As palavras, outrora armas,

podem também ser pontes,

mas quem se ergue para usá-las assim?

A vaidade arranca raízes da compaixão,

e o orgulho apaga a luz da igualdade.



Pois no fim, a grandeza que resta

não está no ouro, nem nos títulos,

mas na capacidade de tocar o outro

sem ferir, sem pesar,

com a leveza de um gesto humano.