đ”Ode Ă Flor do Mandacaru đ”... Miriam Da Costa
đ”Ode Ă Flor do Mandacaru đ” (Primavera)
Onde tudo Ă© tĂŁo ĂĄrduo,
o cacto resiste,
se erguendo em silĂȘncio
no deserto que insiste...
e quando a noite se abre,
num instante raro,
a flor do mandacaru explode
branca, intensa, luminosa,
como se a prĂłpria primavera
tivesse escolhido
um templo improvĂĄvel
para se revelar...
flor que nĂŁo teme a secura,
nem a solidĂŁo do agreste,
mas guarda em si
um segredo de esperança:
o milagre de florir
mesmo onde a vida parece
tĂŁo ĂĄrida e hostil...
onde a terra Ă© ferida,
o sol Ă© lĂąmina,
e o ar parece cortar a pele,
o cacto se ergue,
altivo, espinhoso,
desafiando a morte...
e Ă© justamente ali,
na aridez cruel,
que explode em flor,
um clarĂŁo branco
rasgando a noite,
um grito de beleza
contra o silĂȘncio seco do deserto...
o mandacaru sangra luz
no agreste inĂłspito,
como se dissesse Ă vida:
- Ainda assim, floresço!...
no coração da secura,
onde tudo parece desistir,
o cacto aguarda, paciente,
sua hora de revelar segredos...
e quando a noite desce,
discreta e solene,
a flor do mandacaru se abre
como um sopro de eternidade,
branca, imaculada,
um milagre escondido
nas entranhas do agreste...
Ă um lembrete suave:
até nos desertos da vida e d'alma
hĂĄ primaveras adormecidas
esperando o instante exato
para florir... đ”
â©ïž@MiriamDaCosta
