A lo largo. Mirando o campo ao largo,... RENATO JAGUARÃO

A lo largo.


Mirando o campo ao largo,
Mateia o rude peão.
Cada puxada do amargo,
Campeando com a solidão.


O tirador pendurado,
Mango, pelongo, xergão,
Freio, buçal e cabresto,
E o velho fogo de chão.


Nesses fins de invernada,
Onde até Deus esqueceu,
Mangueira, potro, a cuscada,
E a vida que lhe escolheu.


Pra esses tombos da lida
De tropa, doma, caseiro,
Peão, destino e ofício
Pra quem nasceu campeiro.


Mirou o tempo passado,
Mocidade se perdeu.
Ficou cuidando cavalos,
Campos que não eram seus.


Nesses lados de fronteira...
Versos, payada, acalantos,
Céu, estrelas e a lua,
Amadrinham pirilampos.


Donde o gaúcho mesmeia
Sonhos no seu velho catre,
Potros e quadras de campo
A cada virada de mate.


Quem nasceu ao largo,
Tal existência paisano,
Sem sobrenome, legenda,
Potro se fez orelhano.


E a descendência se finda,
Nem fez questão de passar.
Essa pobreza reinuna,
Nem freio faz sujeitar.


E assim, no mais solito,
Segue a taura vivência,
Por vezes qual um monarca
Que nasceu sem procedência.


Tendo a pampa por morada
E as cochilhas por sossego,
As encilhas como trono,
Enfurquilhado em pelego.


Nesses lados de fronteira...
Versos, payada, acalantos,
Céu, estrelas e a lua,
Amadrinham pirilampos.


Donde o gaúcho mesmeia
Sonhos no seu velho catre,
Potros e quadras de campo
A cada virada de mate.




Renato Jaguarão.