"A Falta de Entendimento dos... Brunna Keila

"A Falta de Entendimento dos Irmãos Mais Velhos e Mais Novos”


Entre irmãos existe um laço que parece inquebrável, feito de sangue, infância e lembranças. Mas, ao mesmo tempo, esse laço é atravessado por diferenças que tornam o convívio um território delicado. O mais velho sente o peso da responsabilidade, como se fosse chamado a ser exemplo, guia, quase uma extensão dos pais. Já o mais novo cresce à sombra desse exemplo, desejando liberdade, querendo ser visto por si mesmo, e não apenas comparado.
Daí nasce a falta de entendimento. O irmão mais velho olha para o caçula e o vê como imaturo, irresponsável, sem a seriedade que a vida exige. O mais novo, por sua vez, enxerga no mais velho alguém duro, exigente, que parece ter esquecido o que é sonhar e brincar. Ambos se cobram, ambos se julgam — e pouco se escutam.
Essa distância não é apenas de idade, mas de percepção do mundo. O filósofo diria que cada um vive em sua própria temporalidade: o mais velho já se preocupa com o futuro, enquanto o mais novo ainda se agarra ao presente. É como se olhassem a mesma estrada por ângulos diferentes.
O problema é que, nessa falta de entendimento, se perde algo precioso: a possibilidade de aprender um com o outro. O mais velho poderia ensinar paciência e prudência; o mais novo, leveza e espontaneidade. Mas muitas vezes ambos preferem se proteger em suas certezas, em vez de abrir espaço para a escuta.
No fundo, irmãos se amam, mas também se estranham. Talvez a verdade seja que esse estranhamento é inevitável — e, paradoxalmente, é nele que mora a chance de crescimento. Porque compreender o outro, quando ele é tão diferente, é também compreender melhor a si mesmo.
Assim, a falta de entendimento entre irmãos é uma escola silenciosa: ensina que o amor não é feito de iguais, mas de diferenças que precisam ser acolhidas.