SOBRE MANOEL SOARES: Livro: Enxugando... Marcelo Caetano Monteiro

SOBRE MANOEL SOARES:
Livro: Enxugando Lágrimas - Psicografia: Chico Xavier.
O Odontólogo Espírita e os Hábitos de Fraternidade em Família.


Introdução.


Ao perscrutar os caminhos da memória espiritual, deparamo-nos com a figura de Manoel Soares, espírita de vida singela e labor incansável, cuja trajetória se entrelaça com a prática mediúnica, a dedicação à homeopatia e, sobretudo, à terapêutica desobsessiva, elevada expressão de caridade segundo os princípios kardequianos.


Na presente análise, inspirada em excertos do livro Enxugando Lágrimas — psicografado por Francisco Cândido Xavier —, destacamos fragmentos de sua vida e da mensagem que deixou, a fim de situá-lo no contexto histórico e espiritual de seu tempo, ressaltando o valor imperecível de seus testemunhos.


Breves Traços Biográficos:


Nascimento: 21 de agosto de 1888, em Delfinópolis, Estado de Minas Gerais.
Desencarnação: 19 de janeiro de 1937, em Sacramento, Minas Gerais, em consequência de grave enfermidade febril.


Formou-se em Odontologia pela Faculdade de Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo, em 1928. Sem abandonar a profissão, dedicou-se concomitantemente à mediunidade receitista, dando prosseguimento às tarefas de assistência espiritual inspiradas no legado de Eurípedes Barsanulfo, missionário do Triângulo Mineiro.


Ao lado da esposa Augusta (já desencarnada) constituiu uma numerosa família, deixando filhos cujos nomes evocam tradição e cultura, como Labieno, Edwirges, Demóstenes, Dirce, Diva, Manoel, Ayres, Augusta, Rolando, Camilo Flammarion e Gilka.


A Mensagem Espiritual.


A carta psicografada por Chico Xavier em 8 de agosto de 1937, sob o título Santificada Alegria, é testemunho eloquente da continuidade da vida e da permanência dos laços afetivos. Nela, Manoel Soares dirige-se especialmente ao filho Labieno, exortando-o e aos demais familiares à perseverança cristã, à fraternidade e à confiança em Jesus.


Trechos expressivos merecem destaque:


1. “Não posso escrever-lhes muito, hoje; faço-o apenas no propósito de levar-lhes a todos, mais uma vez, a certeza de minha sobrevivência, fortificando na alma dos meus queridos as convicções espíritas pelas quais vale a pena sacrificarmos todos os prazeres da Terra.”


Aqui, o comunicante reafirma a supremacia dos valores espirituais sobre as ilusórias vantagens terrenas, em consonância com os princípios da Codificação Espírita.


2. “O nosso grande Eurípedes foi a luz dos meus derradeiros momentos aí na Terra...”


A referência a Eurípedes Barsanulfo confirma a influência luminosa do missionário sacramentano, que continuou a assistir-lhe mesmo após o desenlace corporal.


3. “Não julguem que desencarnei prematuramente...”


Tal advertência recorda o ensinamento evangélico de que não há morte antes ou depois da hora, mas apenas o cumprimento das leis divinas que regem a vida e a evolução do espírito.


4. “Conservem os nossos hábitos de fraternidade em família...”


Esta recomendação consubstancia-se como eixo de sua mensagem, apontando a união familiar como sustentáculo da fé, da coragem e do trabalho cristão.


Considerações Finais.


A vida e o testemunho de Manoel Soares transcendem os limites da biografia individual, configurando-se em paradigma de fé, labor e fraternidade. Sua atuação como odontólogo, médium receitista e trabalhador espírita testemunha a possibilidade de harmonizar a vida profissional com o serviço ao próximo, sem dissociar ciência e espiritualidade.


A mensagem recebida por intermédio de Francisco Cândido Xavier confirma a sobrevivência do espírito e a imortalidade da alma, exaltando a caridade, a união familiar e a confiança em Cristo como alicerces da vida.


Ao evocarmos sua memória, compreendemos que sua existência foi mais do que o exercício de uma profissão: foi uma página de fraternidade, cuja leitura nos convida a refletir sobre os deveres perante a vida, perante a família e perante o ideal espírita-cristão.