A Maldição de Sariel (à maneira de... Sariel Oliveira

A Maldição de Sariel
(à maneira de Kierkegaard)
Minha maldição não é visível aos olhos comuns,
porque não vive fora de mim,
mas no silêncio onde o homem encontra a si mesmo
e descobre que não pode escapar.
Sou condenado a perceber que a vida não me pertence —
ela apenas me atravessa,
como um vento frio que corta e não se deixa segurar.
Sinto o peso do eterno no instante,
o peso de Deus no olhar humano,
o peso da ausência onde deveria haver consolo.
E, enquanto outros caminham distraídos,
eu caminho acordado demais,
ferido demais,
amando demais.
Não sei se isso é dádiva ou castigo,
mas sei que não há cura.
Porque aquele que vê o fundo do poço
já não consegue fingir que só existe a superfície.