Entre Delírios e Suavidades Estrada de... Samuelfortes
Entre Delírios e Suavidades
Estrada de Chão Batido
Pedra quente de Assuntá
Como eu posso estar atrasado na vida
Se a vida é só minha
Não há atraso onde não há relógio, nem mapa pra chegar antes do vento
A vida é um rio que inventa seu curso, e eu, barco sem pressa, desenho meu tempo
Alguns correm na pista, outros voam sem asas
Planto sementes no chão da demora
O sol da pressa não queima minha pele, minha colheita é feita de agora
Não me digam que perdi passos, quando cada ausência foi um encontro
A estrada não é linha reta, é o desvio que trouxe meu canto
Se comparo meu ritmo ao dos outros, perco o compasso do meu próprio passo
Não há dívida no voo das andorinhas, nem calendário pro brotar dos mangues
Sou tarde e sou madrugada, o fruto que cai quando pesa
Minha vida não cabe nos ponteiros, ela dança onde o tempo não pressa
Não me medem por horas, mas por raízes e horizontes
Pois quem chega "tarde" demais
É
Quem traz as flores mais belas
Do seu andarilho lento
Que
Escreve versos no caminho