Ponto de Ignição Silêncio súbito. O... André toledo

Ponto de Ignição


Silêncio súbito.
O mundo gira mais devagar.
No peito, um vulcão adormecido
Sente a primeira rachadura no ar.


Não é barulho, é pressão.
Algo antigo, denso, pesado,
No corpo já não cabe mais.
É tempo. É novo. É fado.


Um fio de luz no abismo
Toca o íris, queima a retina.
E o que era apenas abrigo
Ruge, rompe, desatina.


Não há volta no instante
Em que o ser, profundo e cru,
Sabe: a casca já é fenda.
É hora de abrir-se ao mundo.