⁠Primeiro foi um besouro. Achei que... Maria Riber

⁠Primeiro foi um besouro. Achei que fosse azar. Matei. Fechei a janela. No dia seguinte, não a abri; crente que o problema estava resolvido. Doce ilusão. Dois d... Frase de Maria Riber.

⁠Primeiro foi um besouro.
Achei que fosse azar. Matei. Fechei a janela.
No dia seguinte, não a abri; crente que o problema estava resolvido.
Doce ilusão. Dois dias depois, outro invadiu.
Dessa vez, mandei pelo ralo. Fiquei irritada. E por birra, deixei a janela escancarada.
Três horas. Mais um. O último.

Foi então que percebi: talvez não fosse acaso.
Nem sinal, nem maldição. Só consequência.
Eu deixava a janela aberta sempre na hora do banho.
E besouros, os danados, aproveitavam o descuido.
Fechei a janela. Nunca mais entraram.
Simples. Tão simples que parece lição de vida.

A gente insiste em chamar de destino o que é apenas resultado.
Janelas se abrem.
Mas não se mantêm assim para sempre.
Às vezes a oportunidade entra voando, discreta como um inseto.
Outras, você nem nota que ela passou.
E quando percebe, a janela já está trancada.
Você bate. Grita. Esperneia.
Só que ela não abre.
Só dói.

Por isso, um conselho:
não espere o vidro.
Viva o agora como quem sabe que as janelas fecham;
sem aviso, sem hora, sem retorno.