⁠Demorei a entender, mas percebi que... Maria Riber

⁠Demorei a entender, mas percebi que não é só o mal que passou a ser visto de forma genérica, nossa própria vida também se tornou assim. Nos acostumamos com o e... Frase de Maria Riber.

⁠Demorei a entender, mas percebi que não é só o mal que passou a ser visto de forma genérica, nossa própria vida também se tornou assim.

Nos acostumamos com o extraordinário.
Algo novo nos encanta nas primeiras três vezes, e depois… vira ruído de fundo.
Nós mesmos apagamos o brilho das coisas.

Antes, ir ao mercado era quase um evento.
As prateleiras cheias, os rótulos coloridos, o frio da geladeira nos dedos, o som dos carrinhos deslizando; tudo era diferente, quase mágico.
Até mesmo a fila era motivo de conversa e expectativa.
Hoje, mal reparamos.

Não se trata do mercado, é claro.
O ponto é que o que é raro nos encanta, mas o que se repete demais, a gente aprende a ignorar.
E à medida que tudo fica mais acessível, mais automatizado, mais rápido… mais indiferentes nos tornamos.

Vivemos correndo.
Sem tempo para ver o pôr do sol, para rir até tarde, para ouvir com calma quem amamos.
A vida virou repetição.
Virou genérica.
E a culpa?
Não é da tecnologia, nem do progresso.
A culpa é nossa, por vermos tudo à nossa volta evoluir, enquanto deixamos nossa alma estacionada.

Esquecemos de valorizar.
De agradecer.
De viver o hoje como se fosse o único.

O tempo é eterno, mas não para nós.
Não para esses corpos frágeis e passageiros.

A vida não é uma fita que se pode pausar, rebobinar ou regravar.
Ela é agora.
E o agora não é o passado.