Me encontro no quarto turbulento, sempre... Almeidax

Me encontro no quarto turbulento,
sempre na cama, olhando o teto,
perdido no passado — que insiste,
presente em mim a todo momento.
Na minha solidão repetida,
quase igual, mas sempre distinta,
ecoam sensações antigas
de um abandono sem partida —
sem ninguém que me deixasse,
e mesmo assim, ferida aberta.
Hoje, tenho quem me ouça,
quem responde minhas perguntas,
mas me faltam os assuntos
num mundo caótico e mudo,
que conheço por telas vazias.
Me perco em silêncio concreto,
num quarto quieto demais,
onde minha solidão tem metas —
incompletas, desfocadas,
tão perto… porém distantes
o bastante pra me cegar.