⁠NO AR Tornei-me presa fácil, alvo... Rafael Kozechen

⁠NO AR Tornei-me presa fácil, alvo inerte esperando ser atingindo pelas suas carícias e pelo teu afago. Levantei-me à pronto, mesmo quando o corpo clamava por d... Frase de Rafael Kozechen.

⁠NO AR
Tornei-me presa fácil, alvo inerte esperando ser atingindo pelas suas carícias e pelo teu afago.
Levantei-me à pronto, mesmo quando o corpo clamava por descanso e conforto, deitado sob teu manto azul.
Ali, percebi sem querer, que era mais abrigo do que repouso.
Então, como escolher ficar ao chão, quando há asas a disposição?
Mesmo que frágeis, mesmo que feridas e quebrantadas, elas ainda me lembram que há o céu.
Difícil escolha, quando se conhece a necessidade de chão firme e raízes
E a liberdade de estar entre nuvens.
Sigo, então, sobre trilhas instáveis,
entre ruínas de planos e os cacos de vontades antigas.
As promessas feitas a mim mesmo se foram, junto com a brisa que efemeramente passou.
Fico aprendendo sobre esperar com resiliência e prontidão
Coração em vigília, pronto para enfrentar algum outro vento incauto.
Esperando, numa expectativa quase ingênua, para que surja rumo e caminho seguro para seguir,
mesmo tendo ciência que não há terreno firme para seguir marchando com tanta convicção.
Como entender que teu seu silêncio vem antes da palavra?
Que o verbo te chega como quem organiza livros cuidadosamente em uma extensa biblioteca?
Como permear essa exatidão acompanhada de um carinho que preenche?
Como não me perder em meio aos teus corredores que ecoam sem alarde?

Assim mesmo, prefiro lançar-me num salto no escuro,
embora de olhos bem abertos, crendo que alguma asa, mesmo rota e trêmula, ainda esteja à minha disposição.
Há missões que nos são dadas
sem que saibamos como executá-las.
Há medos e anseios,
há um temor de falta grave
da qual não queremos nos apoderar.

Contudo, um bem precioso só mantêm o seu valor quando não o enterramos, nem o deixamos esquecido no fundo da mochila
Como temer perdê-lo e, por isso, o esconder de si mesmo?

Os caminhos à frente podem nos parecer tortuosos demais para confiar.
Prometo então
Deixo que me desnude inteiro.
Até que toque a alvorada.

Para entender que, entre possíveis refúgios e grandes aspirações
Algumas entregas
não precisam de resposta
apenas espaço para que possam acontecer.