Certa vez, ouvi um orador diante de... Aerton Luiz Lopes Lima

Certa vez, ouvi um orador diante de uma multidão dizer:
‘Não sei a quem você machucou, decepcionou ou feriu. Mas hoje, eu lhe digo: siga em paz.’
Naquele instante, algo explodiu dentro de mim.
Que tipo de facilidade é essa que concede perdão a quem talvez nunca reconheceu o próprio erro?
Será que perdoar tão prontamente — sem uma reflexão, sem um pedido de desculpas — não alimenta uma geração que evita a responsabilidade?
Uma geração que acolhe argumentos vazios, que prefere o conforto de um perdão automático a encarar a dor da culpa e a necessidade do arrependimento?
O perdão é nobre, mas não pode ser banalizado.
Declarar “eu te perdoo” sem consciência pode impedir a evolução de quem precisa amadurecer.
E negar esse processo, em nome de uma falsa paz, é enfraquecer o pensamento crítico, é sufocar o aprendizado que nasce da dor.
Perdoar não é esquecer.
É entender, é aceitar, é permitir seguir…
mas sem ignorar a responsabilidade que cada um carrega pelas marcas que deixou.