DIÁRIO PÚBLICO DE ALINE CAIRA 13... Aline Caira -Aline Kayra

DIÁRIO PÚBLICO DE ALINE CAIRA 13 /06/2025 DIA 2 DE ABRIL DE 2025 (O FALECIMENTO) A viuvez, especialmente a súbita, é uma página que se recusa a virar, permanece... Frase de Aline Caira -Aline Kayra.

DIÁRIO PÚBLICO DE ALINE CAIRA 13 /06/2025

DIA 2 DE ABRIL DE 2025 (O FALECIMENTO)


A viuvez, especialmente a súbita, é uma página que se recusa a virar, permanecendo estática e dolorosamente aberta. Recuso-me a acreditar, a conceber a imagem do meu esposo, outrora tão vibrante e cheio de promessas para mim e nossa filha, agora inerte.

Como aceitar uma morte imposta por uma crise de tosse, revelando um câncer raro e metastático que consumiu sua essência? Permaneço cética, desafiando a frieza dos documentos que atestam sua partida. Prefiro acreditar que ele se libertou para viver plenamente, viajando, sentindo o vento no rosto, amando com paixão desenfreada, saciando seus desejos e cometendo os pecados que o fariam feliz.

Sim, prefiro crer que fomos deixadas para trás enquanto ele partiu em busca da vida. E talvez ele esteja certo. Se a ausência é inevitável, que ele a preencha vivendo intensamente. Não o vejo, não o sinto morto. Ele ainda vive em algum lugar.

Se essa fantasia for a verdade, meus parabéns pela audácia, pela grandiosa encenação que mobilizou tantos. Uma obra-prima da ilusão.

Saiba que o amo. Dou-lhe a liberdade de saborear cada gota de sua bebida predileta. Mas, por favor, retorne para sua família. Nossa filha precisa de nós.

Essa narrativa está distorcida, repleta de incongruências. Como sua esposa, fui deixada à margem, ignorada pelo hospital, surpreendida pela notícia da sua morte através de um amigo. Levado para longe, sem que eu fosse informada. Uma orquestração meticulosa, não?

Parabéns aos artífices dessa trama. Estou perplexa.

O que mais me atormenta é o silêncio fúnebre de seus parentes e filhos, a ausência de qualquer sinal de luto em seus perfis. O que realmente aconteceu? O que está acontecendo?

Queria me ver sofrer? Pois bem, meu sofrimento é palpável. Queria me fazer penar? A dor me consome. Queria destruir minha relação com Theodora? Parabéns, conseguiu.

Você nos descartou como lixo, excluindo-nos da sua vida. Transformou-me na vilã da sua história, manipulando narrativas para se proteger de seus medos covardes. Denegriu minha imagem, expondo-me ao vexame e à vergonha perante a sociedade.

Com seu ódio, devorou minha honra, tudo que construí ao longo de mais de duas décadas. Hoje, não consigo encarar meu reflexo no espelho. Cuspiu no meu nome, na minha integridade, na minha honra. Mas se isso o libertou, concedo-lhe meu perdão.

Agora, se estiver vivo, imploro, volte para sua família e encerre essa série macabra. Prometo solenemente nunca mais reclamar de nada. Pode fumar, pode se perder em seus prazeres virtuais, pode tudo que me desagrada. Apenas volte para casa, volte para sua família. Precisamos terminar de criar Theodora Anthoniella.

Que aberração é essa, onde esposa e filha são impedidas de se despedir do marido e pai com quem compartilharam mais de duas décadas? É um absurdo inimaginável. Fomos privadas de vê-lo. Fazer desaparecer o corpo de um marido é crime. A esposa tem o direito inalienável de ser notificada do falecimento e chamada ao local, independentemente de qualquer circunstância.


Com plena consciência e em minhas faculdades mentais, eu, Aline Caira, afirmo que, embora tenha passado por um período de instabilidade, este foi resultado de uma orquestração meticulosa para me desestabilizar. Peço que analisem os fatos com atenção e senso crítico.

Por que meu esposo foi transferido do Hospital São Joaquim sem meu conhecimento? Por que não fui informada de seu falecimento? Por que a mim e à minha filha nos foi negada a certidão de óbito, como se fôssemos inexistentes?

É inaceitável que, por conta do sofrimento que meu esposo me causou ao longo de duas décadas e de sua internação em um hospital, onde eu mesma o coloquei para receber os cuidados necessários, sejamos descartadas e transformadas em monstros. É terrível a forma como sou tratada nas ruas, como se eu fosse louca ou mentalmente incapaz, alvo de hostilidade e preconceito. Tudo isso por quê?

Vocês tiram conclusões precipitadas baseadas em mentiras. Pergunto: o que me manteria em Franca se meu esposo fosse um homem exemplar, um marido maravilhoso, sem vícios, que me fizesse sentir a mulher mais feliz do mundo? Se fôssemos uma família unida, onde ele voltava do trabalho direto para casa para almoçar e jantar conosco? Um marido que toda mulher desejaria, que me fizesse sentir única e especial? Onde está a lógica?

Tudo isso é uma grande confusão. Eu tinha e tenho direitos, que me foram negados porque meu esposo sabe que jamais contrataria um advogado para prejudicar alguém. Ele venceu.

Parabenizo-o, pois foi um mestre enxadrista, um manipulador absoluto, que me derrubou e quase me levou à ruína. O ódio que ele destilou não me pertence, mas sim a ele, que nunca se importou com a família que o queria por perto, que o queria em casa conosco.

Morto ou vivo, te amamos, Israel Rodrigues, e queremos você conosco. Se de fato você faleceu, venha me mostrar a verdade.

Eu e Theodora Anthoniella te amamos. Por que me contaram tantas mentiras e repetições das mesmas mentiras?