A lua cheia se ergue no céu como um... Allan Victor Gomes da Silva

A lua cheia se ergue no céu como um espelho de todas as dores que já carreguei.
Seu brilho prateado penetra minha alma, despertando um trauma antigo enterrado, mas jamais esquecido. Cada memória corrói meus pensamentos, como se as sombras do passado se misturassem à luz da lua.
O silêncio ao meu redor se torna ensurdecedor, um eco constante de tudo aquilo que tentei esquecer.
De repente, algo dentro de mim cede. Meu corpo começa a se contorcer, como se cada fibra estivesse se rompendo, se reconfigurando. Meus sentidos se apagam. O mundo desaparece.
Resta apenas o instinto.
O homem que um dia fui... se esvai.
Agora, como lobo, sinto a necessidade de me isolar de tudo e de todos. A presença humana se tornou insuportável. O mundo dos homens parece distante. Irrelevante.
Só o lobo permanece correndo pela escuridão.
Solitário. Livre.
Mas ao custo de tudo o que um dia considerei importante.
A lua cheia, testemunha do meu tormento, brilha impassível enquanto fujo
não apenas dos outros,
mas de mim mesmo.