“Que o tempo me entenda” Chegar... Leonardo Marthiniano

“Que o tempo me entenda”
Chegar aos trinta não é descobrir respostas.
É aceitar que algumas perguntas só existem para nos acompanhar até o fim.
Já não busco mais o sentido exato das coisas —
me contento com o eco que elas deixam.
Gandhi dizia que, mesmo insignificante, é importante que façamos o que viemos fazer.
Nietzsche me ensinou que o abismo também olha de volta.
Schopenhauer sussurra que a vontade nos consome.
E Shakespeare... bem, ele mostrou que somos feitos da mesma matéria dos sonhos —
mas que esses sonhos também morrem.
Hoje, olho para o mundo e vejo pressa, ruído, vaidade.
As redes gritam, os egos se inflamam, as verdades se fragmentam.
Viver se tornou barulhento demais.
Mas ainda acredito no silêncio das intenções.
Na ternura de uma escolha honesta.
Na coragem de quem permanece sensível.
Talvez a vida não precise fazer sentido.
Talvez ela só precise ser vivida com consciência.
E, se possível, com alguma beleza.
A beleza de um gesto real.
De um olhar que diz: “estou aqui”.
Se algo vai restar de mim,
que seja isso:
alguém que tentou, mesmo no caos,
não esquecer do essencial.