⁠O mês de conscientização da saúde... Vinicius Monteiro Tito

⁠O mês de conscientização da saúde mental e emocional, assim como o mês amarelo, dedicado à prevenção do suicídio, são períodos importantes que visam sensibilizar a sociedade para questões cruciais relacionadas ao bem-estar psicológico. No entanto, muitas empresas, ao aderirem a essas campanhas, acabam por cair na armadilha da hipocrisia, apresentando posturas contraditórias em relação ao discurso propagado.

Por um lado, muitas organizações destacam a importância da promoção da saúde mental de seus colaboradores, investindo em campanhas de conscientização, workshops e seminários. Entretanto, nos bastidores, a realidade pode ser bem diferente. Ambientes de trabalho que perpetuam altas demandas, prazos apertados e pressões excessivas muitas vezes contribuem para o aumento do estresse e da ansiedade entre os funcionários.

Além disso, algumas empresas podem negligenciar políticas internas que garantam um ambiente de trabalho saudável, desconsiderando a importância de medidas como flexibilidade de horários, suporte psicológico adequado e uma cultura organizacional que valorize a empatia e o cuidado com a saúde mental.

A hipocrisia se revela ainda mais quando algumas empresas, ao participarem dessas campanhas, não hesitam em explorar a temática apenas como uma estratégia de marketing, visando uma imagem de responsabilidade social sem efetivamente se comprometerem com mudanças práticas e significativas em seus ambientes corporativos.

É crucial que as empresas assumam um compromisso genuíno com a saúde mental de seus colaboradores, indo além das ações pontuais durante esses meses de conscientização. Isso implica em promover uma cultura interna que incentive a abertura para o diálogo sobre saúde mental, implementar práticas que reduzam o estigma associado a problemas psicológicos e assegurar condições de trabalho que não comprometam o bem-estar dos profissionais.

Somente quando as empresas abandonarem a hipocrisia e adotarem medidas concretas em prol da saúde mental de seus colaboradores, poderemos verdadeiramente avançar na construção de ambientes de trabalho mais saudáveis e solidários. Enquanto isso, é essencial que a sociedade continue a cobrar transparência e ação efetiva por parte das organizações, para garantir que o discurso de conscientização não fique apenas na superfície, mas se torne uma prática rotineira e verdadeiramente transformadora.

- Vinicius Monteiro Tito