APAIXONAR-SE É estranho, como podemos... Bruno Lima

APAIXONAR-SE


É estranho, como podemos nos apaixonar tantas e tantas vezes durante nossa insignificante existência, ou quando como começamos a suspeitar fortemente de nossos sentimentos e o que de fato representam. Notar principalmente a maneira como eles nos atingem; com violência, imediatismo e quase geralmente em uma ilimitada profundidade.

Começa com um olhar, com um breve cumprimento, que tenta de conquistar, mesmo que de forma singela, mas que te obriga a responder, sem a condição de se controlar. Que tenta te dominar e que em pouco tempo te torna íntimo, sem nem mesmo poder se defender. É como uma resposta imediata ao nosso vazio que de certo modo luta para se preencher.

A principio queremos evitar... pelo medo de sofrer, do errar, do não querer se submeter. Mas essa ideia se esvai, e sem nem pensar duas vezes acabamos por aceitar, mesmo que por segundos, aquele sentimento possa ser doce, amargo e até azedo, pois somos feitos de diversidade e isso envolve bastante coisa com coisa nenhuma.

Percebemos, que nunca há um momento certo para aceitar que de fato e não por acaso, ou engano (ou o destino mesmo) somos apresentados de frente um ao outro para ser felizes sem a correspondência dos planos. Afinal, apaixonar-se é isso mesmo: dar a oportunidade ao que nos é declarado e independe do que é real ou ainda desconhecido. Em determinado momento tudo é colocado sob a mesa e as decisões são recebidas de ambas as partes, como cartas de um baralho qualquer, para serem analisadas e alinhadas em um código que somente nós e nós mesmos podemos decidir como finalizar sem o medo de sermos previsíveis demais a quem queremos impressionar.

Apaixonar-se é como esse texto, a principio teve tudo pra ser um ótimo livro de romance, com um final feliz, da maneira como acreditamos que possa ser e no entanto, é só um texto; e palavras, assim como sentimentos incríveis tem o péssimo costume de nos instigar a acreditar que tudo vai fluir sem ter um fim, e esse é o nosso erro. No começo apresentamo-nos como um fracasso daquilo que nos fez ter uma nova paixão e quando isso é absorvido por quem quer que seja o nosso alvo (que de fato é), mostramos as cartas sem nem dar o primeiro descarte e perdemos por um simples e efêmero nada.