Perfeito seria se tudo aquilo que a... Ricardo Ferraz

Perfeito seria se tudo aquilo que a gente quisesse simplesmente acontecesse num estalar de dedos. Se todas as coisas que sonhamos hoje ou ontem, fossem tão simples de acontecer. Se houvesse um livro onde pulássemos alguns capítulos e simplesmente pudéssemos ler as linhas que diriam para nós, que tudo aquilo que gente tanto imagina de bom para nossa vida fosse acontecer dentro de algumas páginas à frente, ou mesmo no final, dentro da última linha, da última folha. Mas não, a vida não é assim, a vida é essa coisa reta, nesta bola que gira constantemente, se fazendo noite ou dia, e é dentro dessas 24 horas que a gente constrói o que haveremos de ser daqui sabe-se lá quantos anos lá na frente. Queria muito terminar a minha história de tantos amores partidos, sem ter ao menos definido o que fui para cada um deles. Queria fechar tudo isso com qualquer coisa que me fizesse entender que o que é para ser vai ser o que é e nada mais do que isso, e que cada detalhe consumado fosse algo que queria realmente que fosse, e não apenas um detalhe que a vida quis para mim. As pessoas que se esbarram conosco pela vida afora se tornam parte de toda nossa evolução, se tornarão aquilo que irá nos definir algum dia. Mas precisava tantas vezes ser algo tão sofrido e tão difícil de compreender? Precisava ser muitas vezes algo que apenas veríamos pela vitrine da loja, e que despertasse em nós tanta vontade, mas que essa vontade só fosse vir à ser satisfeita apenas com os olhos? E que nenhum dos sentimentos mais puros, por ironia do tempo e do destino nascessem onde não deveriam nascer, e ficassem tão longe das mãos? É, às vezes eu penso que precisava sim, para nos ensinar que o amor é uma chama que queima mesmo de longe, e que, mesmo que estejamos tão preparados contra qualquer tipo de incêndio ou força maior que nos leve, ainda assim, estamos sujeitos a nos queimar neste fogo. Não é falta de equilíbrio, não é falta de discernimento, ou qualquer outra coisa que faça com que as pessoas nos julguem como loucos, não!, é apenas amor, e amor não se escolhe, ele é quem nos escolhe para amar, e muitas vezes amamos tanto que chegamos a amar o impossível, e é o impossível que mais teimamos em amar.
Ricardo F.