Eu parei de escrever quando tinha medo.... Matheus N. (Nassi)

Eu parei de escrever quando tinha medo. Eu parei de escrever quando estava feliz. Eu parei de escrever quando estava triste. Eu parei de escrever, só parei. Eu não sei quando eu comecei a me deixar dissolver pela vida, pelos problemas e pelo pré-conceitos alheios. Eu não lembro quando e onde eu me vi pela última vez e nem se eu cheguei a me ver pela última vez, antes de abrir mão de mim. É engraçado começar a vida com tudo programado, o dia que você vai nascer, o horário de mamar, quando vai começar a estudar e que gravatinha borboleta vai usar na sua formatura da alfabetização. Daí, você cresce e vê que o mundo exige de você outros comprometimentos, como acordar cedo e ir até o banco resolver “problemas de adulto” quando o que você mais quer fazer é dormir e descansar de um dia estressante e ou quando você precisa ir trabalhar, porque diferente da escola, eles vão querer saber o motivo e vão te castigar por isso. O mundo adulto não perdoa, mas alisa, não passa a mão pela cabeça e nem é doce. Você cresce com tudo arrumado e do nada eles te jogam por conta própria num canto úmido, escuro e cheio de solidão. Dói não ser mais nada do que adulto, dói não ter meus amigos sempre a um passo de mim ou a uma bolinha de papel, dói não ter mais um intervalo emendado com horários vagos que nos permitiam tirar fotos, sorrir e colocar o papo em dia. Dói, machuca, é ruim. Eu sei, ser adulto e amadurecer é algo que você “precisa” fazer, mas alguém perguntou se eu gostaria de fazer isso? Alguém perguntou se eu gostaria de andar em bancos e assinar contratos? Alguém se preocupou em perguntar se eu gostaria de ter a necessidade de ter que trabalhar em um lugar só pelo dinheiro, porque as outras pessoas nunca valorizam o que você é bom o suficiente? Quando eles perguntaram se eu estava afim de me perder de mim? Quando eles falaram “com licença, você quer abandonar seus sonhos e vir trabalhar sem ser realizado, mas de forma remunerada”? Quando as pessoas começaram a não se preocupar? Quando?

Ser adulto dói, machuca a alma, entristece e aborrece o meu ser. Ser adulto á amargo, tem gosto de café frio e tem cheiro de cc. Ser adulto te dá espaço aéreo, mas te poda as asas. Ser adulto é... tudo que você quer ser quando criança, mas tudo que você não gosta de ser quando adulto. Ser adulto é isso e eu não gosto.