O pico da montanha. Aquela era a... Eriec Soulz

O pico da montanha.

Aquela era a montanha da vida. A localização atual daquela jornada se apresentava em solo árido, íngreme, quente, continha rochas pontiagudas e frouxas, arbustos secos e espinhosos. Todos viam o deserto, mas alguém via diferente. Este alguém enxergava no deserto uma perfeita oportunidade para contemplar as belíssimas rosas-do-deserto. Vê-las tão de perto seria magnificamente gratificante, mesmo com toda força contrária. A gravidade. A gravidade que trazia, em seu primeiro empuxo, um dedo apontado na face daquele ser estranho: “Volte! Desça! É mais seguro lá embaixo...”, mas as rosas eram o objetivo e ele estava determinado a atingi-lo. Vendo-se enfrentada, a gravidade se pendura nos ombros do garoto e ali fica, completamente sem coragem de subir, ou, pelo menos tentar. Indisposta a ajudar e com medo de voltar sozinha, se mantem a resmungar. Milhas a frente, o garoto desanimou. Elevou os olhos, viu o céu azul, viu as rosas, se inspirou, tirou forças de onde não tinha e prosseguiu. O foco estava ali, não muito longe, parecia perto na verdade, bem perto. Esticando um dos braços, se desprendeu da raiz que segurava e voou, para pelo menos uma rosa alcançar, mas, se desequilibrou, escorregou e caiu. Na base novamente, pôs-se a olhar o céu, todos riam dele, gargalhavam, alguns inclusive, celebravam sua queda. Naquele meio, alguém o olhava diferente, sem sequer um sorriso no rosto. Imóvel por um tempo, o menino permaneceu fixo naquele céu azul. Tomou ainda mais forças do que antes e retomou a subida. Sua ânsia, grande que era, o levou rapidamente onde estavam as rosas, ele já conhecia os obstáculos da subida, porém agora, queria algo além, queria o céu azul. Subiu, subiu e subiu. Não mais parava ou enfraquecia, causando a fúria daqueles que lhe subestimavam. Enraivecidos, apedrejaram-no, mas havia alguém, alguém que o via diferente. Olhou as pedras nas próprias mãos e viu-se fracassado. Poderia ter tido aquela mesma coragem, aquele mesmo empenho, mas não. Poderia então ao menos ajudá-lo? Sim, poderia! O garoto recuou um pouco para proteger-se, já estava cansado, manteve a calma e num minuto as pedras não existiam mais. Abriu os olhos e viu uma mão estendida pronto para puxá-lo. Viu o topo. Viu do topo aquele céu. Viu uma rosa na mão daquele que o ajudara. Viu a luz. Viu a si mesmo refletido lá embaixo, nos olhos de um outro alguém que lhe via com tamanha diferença.