Notas sobre mim. Esse que você vai ler... Cleonio Dourado

Notas sobre mim.

Esse que você vai ler sou eu. Um homem, muitas vezes menino. Daqueles moleques faceiros que caem, sacodem a poeira e levantam sorrindo. Muitas vezes quis ser tudo. Outras, espaço vazio. Mas sou mesmo, um infinito a ser descoberto. Liberdade. Serei futuro, sou presente, fui saudade. O que vê é o que tenho, é que sou. Não muito, mas dono de tudo. Simples assim. Gosto do roçar das pernas no mato serenado, do amanhecer ensolarado, do café na soleira da porta, do cheiro da relva e do mugir do gado.

Sou muito mais que essa embalagem física, mais que esse olhar que imprime esperança colorida e empatia em preto e branco. Sou chuva quente. Agua fria. Sou fechado, mas sou franco. Por trás desse meu rosto e em frente meu coração, encontrarás meia dúzia de cicatrizes bem fundas, que talvez você possa não ver, mas te digo que elas me definem bem. Elas traçam meus caminhos, sem seguir planos iniciais, nem cartilhas ou calendários. O que planejo e desenho, vai além do programado, no perfeito não me encaixo. Dessas listas e metas, me esqueço. Mas não esmoreço e não me afasto dos desejos, por mais ilusórios que venham ser. Minha visão é limitada, enxergo pouco com os olhos, mas muito pela alma. Careço de desafios e, por sorte ou destino, tive os melhores que poderia ter. Me engrandeceram. Fui pequeno, me tornei gigante, na essência do viver. Disfarço e dissimulo meu cansaço, vou seguindo passo a passo, devagar quase sem pressa. Pra se tentar vencer uma corrida, a gente só precisa estar nela.

Passeio com o peso da honra de alguns merecidos troféus, que balanceiam essa vida e não me deixam tombar. Nem pra lá, nem pra cá. Não me julgue apenas pelo que vê, nem pense que me conhece apenas por ouvir, apenas por mergulhar nesse meu raso mar que mostro. Sou formado por meus muros, glaciado por meus tombos, liquefeito por meus sonhos, adocicado pela vida. Não se deixe levar pela aparência. Minha essência vale mais. É a imagem do espelho, as mal traçadas linhas que escrevo, meus versos, desejos, abraços, beijos, poesias e devaneios. Os avessos, uso para esconder a tristeza. Prefiro escancarar alegrias e explicitar meu acreditar. Pecador como todos. Servo como poucos. Sou da reza, sou do orar.

O que demostro é um punhado de sentimentos delirantes, que pego em fuga e os prendo coarando sob o sol. Quando vê esse meu meio sorriso, quase que imperceptível, é que fases duras já passei, algumas lágrimas enxuguei, muitos tombos já tomei, mas aqui estou porque venci. Sigo sorrindo para a vida. Inveterado sonhador. Imparável vitorioso. Incansável. Nem melhor, nem pior. Quero ser diferente. Poucas vezes vazio. Muitas vezes, infinito. Ganhador de mim. Retroceder nunca, render-se jamais é o meu lema. Sempre em frente, até o fim. Sou Inquebrável!