Se minha câmera fotográfica fosse um... Luiz Guilherme Todeschi

Se minha câmera fotográfica fosse um fuzil numa época conturbada da minha vida.... talvez eu acertasse de maneira inadequada um alvo humano. Poderia ser um atentado contra um político corrupto, um bandido, ou um inimigo opressor. Por pouco isso não aconteceu. Pensamentos como esse me passaram pela cabeça em determinados momentos onde a desigualdade social, moral e ética praticada por alguns seres humanos causava o sofrimento desmedido e assolavam meu ser. Graças a Deus o caminho me mostrou o contrário. Pude trabalhar meu sofrimento interior e o entendimento de que tudo é como é. De que cada um pode escolher o seu próprio caminho. Na medida em que me libertei da ilusão de punir aqueles que supostamente "eram merecedores" ou se desviaram do caminho da Luz , que eu acreditava ser o correto, e parti para usar minha pontaria acurada e visão além do alcance na fotografia contemplativa, de todas as formas da existência, me libertei do peso da vida. Descobri a arte através da fotografia e aprendi a olhar para tudo com muito respeito. Me libertei do peso do julgamento. Do peso de fazer a justiça com as próprias mãos. Hoje acredito que nenhum ser humano deve exercer o direito de matar. Nem para se defender. Nem para conquistar territórios, ou ainda para fazer as suas verdades prevalecerem. Hoje acredito que podemos ser a diferença em nossa existência. Aquela frase "ofereça a outra face proferida por Jesus durante o Sermão da Montanha e que trata de responder a um agressor sem o uso da violência faz muito sentido para mim. Hoje acredito que a paz se realiza somente com a paz, oração, silêncio, bons exemplos, construções de relações positivas e através do diálogo respeitoso. Tenho plena certeza de que todos somos responsáveis pelas relações e pela realidade em que vivemos. Hoje acredito que não há espaço mais para o ódio dentro do meu coração. Estou livre. Lutarei pelo que acredito somente através da arte, da cultura, da espiritualidade e do entendimento do livre arbítrio e da dualidade. A paz que nós desejamos viver reside apenas dentro de nós. Me sinto livre agora e pronto para o que der e vier. Não matei e não matarei ninguém. Confesso que já tive pensamentos perigosos.