AUGUSTO E EU Entre mim e augusto existe... tadeumemoria

AUGUSTO E EU
Entre mim e augusto existe o tempo e a imensidão; outonos dourados que derramaram pétalas e desfolharam árvores avolumando a relva que adubaram o solo e esconderam os vestígios dos que perambularam, dos que caçaram, dos que fugiram, ou simplesmente se perderam ao acaso... em busca de um senso, de um espírito, de algo surreal que dê sentido à isso; e o que me faz pensar que eu sou augusto? Ah, eu não sei, algo, uma presunção megalomaníaca, fantasmas, os demônios que escarravam os seus poemas, os vermes... eu não sei... augusto e e, caminhamos... um pântano sinistro galhos e raízes como esqueletos dos que perecem num purgatório que habita na nossa própria essência. Alta madrugada e eu esfacelado na minha sensibilidade diante das agruras que sangram a alma de qualquer ser com fôlego e tato, diante desse cotidiano maldito; Augusto gargalha algum poema com farpas, entrementes onde estive esse tempo? este plasma indócil vagou pelos desertos da África; colhi fome, miséria e inanição; a Etiópia cingiu minh'alma e tingiu minha pele. O deserto habita o meu silencio e povoa o meu coração. augusto me olha deste abismo inexplicável de abstrações que serve de pilar à poesia; caminhamos juntos entre a lógica e o absurdo, tudo que explica perfeitamente o que não somos de uma forma coerente a se fazer dissolver o que é real nesse universo de moléculas, átomos e estrelas; mas eu tenho os meus sonhos, sonhos como chuvas, como rigorosos invernos e nessa realidade árida, só me resta chover...