Amo Não sei bem o que amo Tenho medo de... Isabel Rosete

Amo
Não sei bem o que amo

Tenho medo de voltar a amar
De voltar a sofrer
De voltar a sonhar

As ilusões crescem
Quando se ama

Emerge a dor
A insatisfação
A insanidade e a insensatez

A cólera aflora
A presença ausente de um outro estado
Sempre inacabado
Sempre adiado

Caminhos que não conduzem
A parte alguma
Espreitam-nos no amor

Nos caminhos
Que se bifurcam
Perdemo-nos
De nós
E do outro

Encontramos o desfiladeiro
Assoma o vazio
De uma alma deserta
Dispersa
Em “con-fusão”

Alienada pela adrenalina
Que sobe
Escorrega
Desampara
Inquieta…

O êxtase da alma
É intolerável
Em qualquer paixão

As mãos tremem
Transpiram

O coração
Consome-se
Num ritmo
Acelerado
Incontrolável
Incontornável

O estômago
Já não se contém
Com tanta ansiedade

Calafrios
Pela coluna
Sobem e descem

Tudo se move
Tudo se transforma
A um ritmo
Desenfreado
E imparável

Assim é o amor
Força
Que move e comove
Despista
Rói
Corrói

Cego e surdo
Táctil e visual
Transporta-nos
Para a realidade
Do possível
Para o possível
Do impossível
Para o imaginável
Do inimaginável,
Para o sonho
Do “in-sonhável”

Para as correntes tumultuosas
De um mar sem fim
Para o infinito
Do próprio finito
Para a alucinação
Da sensatez

Para a irrazoabilidade
Do razoável
Para o ilimitado
De todos os limites
Conscientes
Ou inconscientes

Assim é o Amor
Uma força tremenda
Gigantesca
Arrebatadora
Desmedida
Enorme

Dentro de um tempo redondo
De um eterno retorno
Do mesmo e do outro
Com princípio e fim

Isabel Rosete
26/05/07
15/01/08