Ela deixou de lado suas próprias... Luverly Menezes.

Ela deixou de lado suas próprias censuras,suas pendências de valor com o passado, seus embargos vagos de sentir, quando finalmente entendeu que suas intensidades todas eram o que mais a faziam SER, que seu jeito de imersão profunda era justamente o que a fazia mais legítima e encontrada em identidades, condutas e escolhas. Em meio a tais e urdidas certezas, nada mais impediria que a EMOÇÃO regesse a orquestra e inspirasse novamente o voo. Se sentir demais é, por natureza e fato, sempre tão alto e sempre tão forte, talvez seus olhos e suas emoções, sem quaisquer arestas, optassem sempre por cegar-se, a esvanecer-se à banalização ou aos comuns de um sentir. Por certo, não seria ela. E tanta lucidez de identidade e de encontro, não a fazia alheia à razão dos dias, esta mesma que faz cada vez mais raro e caro um intenso que enternece, paralisa e emudece. Inútil portanto, era a teimosia da rudez, da hipocrisia e da covardia, em fazê-la amesquinhar-se a seu efêmero SER. O preço... Por vezes alienígena, por vezes contida, por vezes incompreendida e por que não dizer, assustadora até. Porém, valente e fiel a si, sua prece e sua luta mais premente era de que seus pés jamais receassem lancar-se ao mundo ainda que frêmito e algoz soassem seus passos. Ela fazia dos sons, caminhos de faróis rasteiros para suas ilhas e castelos. Deslumbrada e reafirmada por uma loucura lívida e santa, seguia fiel tão somente a si e a suas inexoráveis buscas imperfeitas e insanas a maioria dos mortais. Seu mais visceral desejo... que jamais sinta brotar de sua alma uma emoção empobrecida de intensidade e de verdade. Uma emoção que não a renda, que não a deslumbre, que não a mova, não a arrebate a fins e recomeços tantos e, sobretudo, que ela não reconheça em si , uma emoção que não a conduza a seus reinos secretos de SENTIR e de QUERER a cada exatidão de um tempo apenas seu. Seu maior desafio... não crucificar quereres e sentires frustrados, não realizados. São eles que lavam nossos olhos, nos refazem em condutas, nos lapidam em novas projeções e direcionamentos de viver. Ela... ERA como o sol que ardia na pele, mas seduzia os olhos a sua inebriante luz, era como a noite que cegava esses mesmos olhos para afagar melhor a pele com sua entorpecente e suave brisa. Assim, era aquela moça... intrigante a uns, louca e enigmática a outros, mas sempre e tanto, INTENSA a si mesma.