Saber viver... Saber viver é muito... Múcio Bruck

Saber viver...

Saber viver é muito simples: envolve sorrir, conhecer as próprias emoções, a saber amar e o quão alto se faz esse valor! É preservar a capacidade de se indignar diante de tudo o que não é certo, é redescobrir em si, sentimentos e emoções um dia sentidos e já perdidas na soma das muitas decepções... em especial, as já esquecidas.

É preservar desejos de bem, é aceitar e respeitar diferenças e ir além, não caminhar na contramão, insistindo mudar o que não pode ser mudado, mesmo que isso custe feridas e desgostos.

Saber viver passa por desaprender a dizer não, diante do sofrimento e necessidade do próximo, porque o que é urgente para um, pode não ser para o outro e ninguém prevê o porvir do próprio amanhã!

Saber viver é muito simples: basta se olhar no espelho e buscar sinais do anjo que lhe habita, é ganhar abraçados agradecidos, é saber que uma despedida nunca traduz um adeus!

Saber viver envolve agir pela acolhida de um pai, mesmo que o seja, é ser irmão, mesmo que nem sempre presente, é conhecer a bravura contida no encanto do lado certo da moeda cuja outra face é o avesso do que é certo, é ter a compreensão exata de cada ato e ação que destaca aqueles que passam pela vida, como expectadores de si mesmos e não como atores, é saborear os dias vividos com a consciência plena de que ser útil ao outro é alimentar a alma com ações simples e prestantes... dessas, que fazem o bem acontecer, mesmo quando a vida insiste, no “entendimento” de muitos, em fiar que dar as costas e ignorar que a realidade do outro e de muitos, não lhes diz respeito e justifica negações com o não se importar com aqueles que da vida incapacitou...

É simples viver, difícil é não compreender, com o passar dos anos, quando se lhe tornou hábito, acumular enganos e se acostumar a mentir para justificar falas ditas àqueles por quem é amado, se soma às desnecessárias e rotineiras patranhas.

É simples viver, difícil é ser levado pelos anos e, num repente, se dar conta de que, aos poucos, incautos ou não, esses seres que se dão por “espertos e vividos”, deixam de serem amados pelos próprios filhos, esposas, amigos e, ao final, só e sem ter com quem contar, não compreendem viver em abandono!