Eu, São Jorge e os dragões. Quem vê... Marinho Guzman

Eu, São Jorge e os dragões.

Quem vê por aí umas fotos sensacionais, de lindas garotas de biquíni, pode pensar que Deus foi pai e dotou-as além de um lindo sorriso, de seios fartos, bundas lisas e rostinhos sem manchas ou marcas.
Santo fotoshop das minhas preces diuturnas!
A gente recebe umas fotos do Facebook com o pedido das garotas para fazer um teste. Meio escuras, com pouco foco, a maioria com efeitos bem fortes que parecem pinturas.
O biquinho e a língua de fora são marcas registradas porque algum idiota falou que aquilo fica legal.
Por trás, uns fundos que nem disfarçam a privada sem tábua refletida no espelho de alguma balada, uma parede de blocos não revestida, tudo com muita marca de fungo e umidade.
No dia marcado não há como saber se vai entrar pela porta do estúdio uma garota linda ou um metro e meio quadrado de um ser a quem algum parente mentiu que ela poderia ser modelo.
Elas chegam sempre tímidas, a maioria sabe fazer uma maquiagem que quebra o galho, muitas tem noção e vêm com o cabelo limpo e ajeitado, mas a maioria não fez as unhas e tem que esconder a ponta dos dedos para não mostrar o esmalte todo lascado.
Todas esperam um excelente resultado. Tem que ficar linda… gostosa… perfeita… a garota de todos os sonhos, aquela que para a mamãe parece um anjo, para o pai sua obra-prima, para os pretendentes um sonho onírico, para o namorado um eventual par de chifres e para mim o pesadelo de ter que transformar o dragão em princesa, o que é muito mais difícil que transformar sapo em príncipe.
Meu primeiro trabalho é deixá-las à vontade e depois partir para o milagre.
Hoje não foi assim. Obrigado meu São Jorge, obrigado São Fotoshop.

Logo mais acenderei uma vela…