Na teoria, tudo é muito fácil, e,... Gustavo Aschar

Na teoria, tudo é muito fácil, e, sinceramente, na prática, muitas coisas também deveriam ser. Não entendo muito bem por que duas pessoas que se gostam, em vez de ficarem juntas, se afastam. Evitam o perdão, ficam longe do entendimento, deixam de lado aquela coisa de que é preciso esquecer para tentar ser feliz. O que traduz as relações de hoje em dia é a fragilidade. Você pode "amar" uma pessoa, considerar que ela é sua "companheira de uma vida", seu par, seu cúmplice, sua melhor companhia. Mas basta um erro, uma pisada na bola, uma mancada e fim... dane-se o que foi vivido e que, agora, tudo se resuma a uma falha. Não estou querendo dizer que todos os erros são perdoáveis. Acredito mesmo que certas coisas não se fazem quando se ama alguém. Mas o amor tem um muito de perdão. Não abra a boca para dizer que ama uma pessoa se não for capaz de vencer com ela uma coisa aqui e outra acolá. Antes de colocar um ponto final em uma história pelo erro alheio, se pergunte se você também não teve sua parcela de responsabilidade nesse erro. Às vezes, somos nós que descuidamos do outro, negligenciamos, deixamos ele de lado e fazemos com que, uma hora, ele se distancie, não queira mais, não faça mais questão. Uma frase muito conhecida e da qual eu gosto muito diz assim: "antigamente, quando alguma coisa quebrava, a gente consertava; hoje em dia, quando algo se quebra, a gente joga fora e arruma outra". E fico me perguntando sobre a qualidade dessas "outras coisas" que a gente arranja indefinidamente. Cada vez mais frágeis, cada vez mais finitas. Acho mesmo que estamos nos acostumando a sermos mimados. Fazemos birra quando pensamos em lutar pelos nossos relacionamentos. Sentimos vergonha de pedir desculpas. Achamos asqueroso dizer ao outro "senta aqui e vamos conversar". Tão simples, tão sensato. Não é só no papel que as coisas se tornam mais fáceis; na vida real, também é assim que tem que ser. Uma vida a dois não se faz com cada um no seu quadrado. Casais felizes crescem juntos. Não faz sentido viver com alguém e fazer dele um degrau para subir na vida sozinho.