Pelegrino Pelegrino, juntas no no... marcos fereS

Pelegrino

Pelegrino, juntas no no alforge,
muitos grãos, para sua passagem.
Fizestes muitos pousos em montanhas.
Também em ciprestes. E a beira do mar.
As vezes, ficastes presos, em umbrais
desconhecidos. Onde não enxergando o
clarão do céu. Gritou por misericórdia.
Quando sentia força. Lutava por justiça.
Tentando achar a luz, para poder seguir
seu vôos. Muitas vezes questionou.
Se o caminho escolhido estava certo.
E se a rota que traçara para a vida.
Fosse aquela, que o levaria a liberdade do céu.
Ao mesmo tempo. Não acreditava em céu.
Apenas das forças de suas asas, e dos grãos,
que juntara, durante a vida. E que fazia,
ser objeto de desejo de outras aves,
que plainavam pelo horizonte.
Quantos enganos e acertos.
Por períodos em que, por densas paredes.
Impediram seus voos. Paredes de lamentações.
E suplicas, uma nova chance. Para continuar
seu voo. Muito embora, não entendesse, porque
tornara-se prisioneiro da própria viagem.
Suas penas, já não era capazes, de realizarem,
o voo sonhado. E não sabia. Quando poderia,
voar novamente. Estava pagando um preço,
por uma injustiça, que não compreendia.
Teria sido vítima. De um destino que nunca acreditara.
De um processo. Que achava saber. E de sementes,
que o alimentaria, por toda a passagem.
Cego, pelos grandes voos. Cada vez mais alto,
sonhava voar, e bolsões de ar quentes, o levaria,
ao infinito eterno. Ou breve. Acreditaria na eterna
viagem. Ou precipitaria por sua própria lei.
Os voos sonhados. E o prazer momentâneo;
de largar-se ao vento, na face enquanto aterrizava,
em direção ao solo. Para depois subir em direção,
ao céu infinito. Várias e várias vezes.
Grande era a antítese. Que em seu caminho,
se formava. Qual seria a trajetória de seu voo,
quando. Libertado do umbral, em que, o manteve
preso. Em noites negras de sua consciência.
Que o faria mudar de rota. Em direção a verdadeira
liberdade. Porque não podia ignorar a Vida.
Não poderia ignorar o engano. Não poderia,
ignorar o sentimento do desejo de voar.
Porque; nascera para isso.
Sequestrado pelo alto engano. Até quando,
deixaria de sentir-se diferente. E superior
a outras aves. Que avistava, batendo suas azas,
com seus próprios grãos. Atravessando
o mesmo no céu. Que antes, achava, pertence-lhe.
Até quando, ficaria naquele umbral?
Secreto Eterno.

marcos fereS