Após visualizar um vídeo de poucos... Carolina Vila Nova

Após visualizar um vídeo de poucos segundos, onde o Juiz Sérgio Moro passa por um aeroporto, enquanto é seguido e ovacionado com gritos de bênçãos e agradecimentos, me peguei refletindo sobre como nascem os nossos heróis.

Desde crianças somos instigados a gostar de alguns super-heróis, como Batman, Super-Homem, Homem-Aranha e tantos outros. Desejamos um dia crescer e nos tornar tão fortes e queridos como eles.

Enquanto sonhamos um dia ser grandes, ao mesmo tempo descobrimos os pequenos heróis de verdade, que acabam fazendo parte de nossas vidas: o irmão mais velho, que nos defende de uma briga na escola, o professor que impede uma ação injusta entre colegas, um homem na rua que salva um cão de ser atropelado e por aí vai. Cada um de nós encontra seus próprios heróis.

No Brasil tivemos Ayrton Senna, que se tornou um ícone por sua ousadia nas pistas de corrida, e assim levou o nome do país mundo afora.

Mas temos os heróis que vão além do mundo célebre e que receberam o Título de “Herói Nacional”, dentre muitos estão Tancredo Neves, Getúlio Vargas, Anita Garibaldi, Santos Dumont, Chico Mendes e Tiradentes. Ouvimos tais nomes nas escolas e muito de nós passamos a vida sem entender a fundo o que eles representaram na história de nosso país.

Tancredo Neves, por exemplo, foi um dos responsáveis e grande motivador do Movimento “Diretas já”, que lutava pelas eleições presidenciais diretas no Brasil.

Getúlio Vargas foi considerado o “Pai dos Pobres”, sendo responsável por várias leis sociais e trabalhistas, influenciando a política até os dias atuais.

Porém sentimos um impacto muito menor ao ouvir ou ler uma história, do que quando presenciamos os fatos ao mesmo tempo em que eles acontecem.

Se meu pai me conta que um professor o defendeu na escola quando criança, automaticamente me sinto grata a este professor. Mas se vejo alguém defender meu pai na minha frente, a gratidão é maior, pois eu participei como testemunha dos fatos. Existe uma relação íntima com a história, acontecendo junto a mim.

Assim entendo a comoção sentida por qualquer notícia relacionada ao Juiz Sérgio Moro. Pela primeira vez na história do Brasil, políticos têm sido investigados e levados a responder pelos seus atos. Se por tanto tempo fomos apontados como o país da impunidade, pela primeira vez experimentamos o sabor da justiça igual para todos.

Independente de partido político, quem roubou mais, quando e como, testemunhamos um ponto de partida no Brasil, do qual, daqui para frente poderemos contar com a justiça e punição de quem quer que seja, limpando aos poucos o país de maneira geral.

A Operação Lava-Jato não nos salva da corrupção, mas ela representa um ponto inédito na história, onde um juiz de primeira instância, pela primeira vez, foi a fundo e sem medo, aonde todo brasileiro esperava: na justiça onde ela mais se fazia escassa e, portanto necessária.

Sergio Moro usa de sua posição e conhecimento para fazer aquilo que nós, cidadãos comuns, não conseguimos fazer sozinhos.

E um herói nasce, quando por um ato, nos livra de alguma forma de uma injustiça. Ele nos defende daquilo que ainda não somos capazes de nos defender. E naturalmente cria um sentimento de gratidão e admiração.

E no caso do Juiz Sergio Moro, neste momento, ele acaba de representar o irmão mais velho de muitos de nós, quando simplesmente defendeu toda a nossa nação.