Permissão Que seja permitido viver Com... Valdenir De Lima Oliveira

Permissão

Que seja permitido viver
Com a mesma força
Que nos leva a morrer
Com aquela mesma
Intensidade do vento
Com que cada folha cai no chão
E é levada á um caminho
A se percorrer
Que não seja como uma força
A se martelar em vão
Porque eu tenho fome
E não posso esperar
Essa multidão
Quero viver bem mais
Do que eu preciso
Pra te mostrar melhor
O que é se viver com paixão
Que seja permitido cantar
O canto de qualquer ilusão
Pra quando o meu sonho acordar
Dispertar também o meu coração

Que seja permitido voar
Com as asas da imaginação
E aonde quer que eu vá
Que tenha sempre na fé uma mão
Pra que ela nos sirva de escada
Quando o meu peito se abrir
E o coração dar risada
Que seja permitida a loucura
Quando for maior
Que a nossa criação
Pois a mesma luz
Que clareia o destino
Prevê também a nossa perdição

Que seja permitido o amor
De qualquer jeito
Por qualquer pessoa
E que ele seja livre
Como o desabrochar de uma flor
Em qualquer lugar
Ou caminho onde eu for
Que seja permitido correr
E correr bem mais
Do que se possa aguentar
E quando sentir qualquer dor
Que seja proibido parar
E jamais saber o que é sofrer

Que seja permitida amizade
Por uma pessoa que se ama
Que sonha e não é por vaidade
Um dia leva-la pra cama
Que seja permitida a verdade
Em tudo que se esconde na fama
Pois nem toda droga
Vem da cidade
E nem todo pé se atola na lama
Que seja permitido dizer
Com a mesma boca
Cheia de dente
E que não queira bancar a louca
Pra morder o seu rosto
E aquele couro dormente
Quando o seu gosto
Virar serpente
E o mês de agosto
Gerar semente
Que seja permitido beijar
E não compreender a sua mente
Por que uma parte em mim
É desgosto
E a outra parte é contente
Você pode até mudar de posto
Mas jamais de continente
E que seja comum o oposto
Se for pra te ver sorridente.