Uma jovem havia perguntado: “quando... Avandelson Silva

Uma jovem havia perguntado: “quando acontece o amor verdadeiro?”. Pensei por dois dias essa indagação, folheei alguns livros de Rubem Alves, Platão, Sartre, Aristóteles, Schopenhauer, Fábio de Melo e uma célebre obra do Gabriel Chalita denominada “O pequeno filósofo”. Sem querer furtar o teu tempo, caro leitor, tive que consultar Adélia Prado e Cora Coralina, dois amores literários que possuo. Cora, em um trechinho, fala sobre seguir a vida “quebrando pedras e plantando flores”. Quão bela é essa perspectiva. Relembrei de Adélia Prado, quando em suas obras, fala sobre o amor que “uma vez encontrado, é igual, a fé, abraça-se para a vida toda”. Logo em seguida, mergulhei no pensamento de Rubem Alves com a prerrogativa de recordar de “A menina e o pássaro encantado”, uma obra linda desse autor maravilhoso. Narra-se a história de uma menina que tinha um pássaro mágico que se ausentava para fazer longas viagens e fazer algumas experiências e que, quando voltava, ficava em seu colo para cantarolar as vivências para a amada amiga. Depois, mergulhei de cabeça na lógica platônica sobre o amor e suas divisões: Eros (amor da carência, falta, ausência), Philia (amor fraterno, belo e harmonioso) e o Ágape (amor de Deus, perfeito). Na sequência dessa trilogia, vieram aos meus pensamentos três amores Eros, que causam uma leve sensação de liberdade: Simone de Beauvoir e Sartre; Aberlado e Heloisa; e Romeu e Julieta. Três amores da falta, da carência, da sede de viver com o outro que, em muitos momentos, chegaram a ser tão divinos que foi de mais para esse mundo. Sei que são muitas, porém quero elucidar Simone de Beauvoir e Sartre, que viveram um amor livre e cuidadoso, em que ele era ele e ela era ela. Não quero adentrar em supostas particularidades, mas ressalto a imagem do túmulo onde eles foram enterrados juntos, na França. É partindo dessa história que quero manifestar as minhas ideias seguindo os passos de Aristóteles. Quando ele afirmou: “o amor é o sentimento dos seres imperfeitos”, significou que amamos aquilo que é fruto de nosso desejo e, por isso, dedicamos e sofremos amarrados a uma causa ou a alguém. Ou seja, amamos por necessidade e por carência. E o que pensar sobre o amor depois de ler Arthur Schopenhauer, que o elucida da seguinte forma: “o amor é o centro invisível de todos os atos e fatos”? Encontrei, nessas andanças literárias, Fábio de Melo, em um relato emocionante sobre a sua presença como amigo na vida de alguém, e Chalita na obra “O pequeno filósofo”, que fala sobre a descoberta do amor que vai acontecendo com o tempo, pois o diálogo também é amor. Minha querida jovem, não se sabe ao certo o que é o amor ou quando ele acontece. Não somos capazes de definir ao certo como ele acontece. Na atualidade, podemos fazer diversas leituras, inclusive, sobre as paixõezinhas que se configuram como um amor de verão, que passa como uma tempestade ao entardecer. Ouvi alguém dizer um dia que se quer um amor que nos tire no chão. Porém, isso está voltado para paixão, pois o amor acaba sendo uma mistura de sensatez e sonho, já que à medida que se ama, planeja-se o futuro vivendo no presente.
Avandelson
30/06/2016