Queria ter a liberdade de pensar o que... Mônica Ermírio

Queria ter a liberdade de pensar o que eu quiser. De sentir o que eu quiser. De falar o que eu puder. Escuto muito e procuro falar pouco. Escuto muito, tanto, que às vezes penso pouco. Sentir o que eu quiser, o que tenho vontade de sentir, me faz falta.
Me sinto presa dentro de mim, com as minhas ideias, dos meus sentimentos, das minhas vontades.
Queria ter a liberdade de decidir o que é melhor pra mim. De sonhar e gostar de sonhar e gostar dos meus sonhos e dizer que sonho e não ser criticada, impedida, desencorajada. Queria ter coragem para ter coragem de dizer que minha coragem é maior do que meus medos. Mas plantaram em mim ervas daninhas difíceis de arrancar. Vivem regando.
Queria ser ouvida com atenção. Ouvida com doçura, compreensão. Gostaria muito, pelo menos de vez em quando, de ganhar colo. Mas colo de verdade. Sem julgamentos, sem perguntas, só pela vontade, de quem fosse me dar colo, de ser importante da forma como se deve ser. Queria sorrisos. Queria a certeza de que tudo ficará bem; Deus proverá! Queria mais fé na vida, fé no homem, fé no que virá. Queria menos cara feia, menos pessimismo, mais entusiasmo, mais pé no chão e cabeça no lugar. Queria ter levado uma vida normal. Não uma vida fácil. Poderia ter lá seu grau de dificuldade. Mas que a vida e seus personagens fossem normais. Não precisava ser como na novela das seis ou como as pessoas do comercial de margarina. Não. Só que fossem de carne e osso e compreendessem que eu queria ter a liberdade de pensar o que eu quiser. De sentir o que eu quiser. De falar o que eu puder. De seguir meu coração. De fazer as coisas do meu jeito. Pois eu sei fazer.
Queria ser tratada com respeito. Carinho. Atenção. Queria não sentir angústia por querer essas poucas e simples coisas. Queria simplesmente pouca coisa. Coisa pouca. Quase nada. Coisa tão simples que o dinheiro não poderia comprar e muito menos mandaria buscar.

31/05/16 - 2:29 a.m