NOTA DE REPÚDIO Venho através deste,... J.W.Papa

NOTA DE REPÚDIO


Venho através deste, declarar meu total repúdio ao processo de “Jagunçagem” instalado no transporte público coletivo, por ônibus, na periferia da cidade de Belo Horizonte. E reforçar minha total repulsa ao ofício destes “Leões de Chácara”, que andam tocando o terror na população usuária deste modal de transporte, principalmente na linha 712, que atende ao bairro São Bernardo e adjacências.

Se não bastassem os valores absurdos do transporte público em Belo Horizonte, os consecutivos e ‘ilegais’ aumentos no apagar das luzes e o total desconforto e falta de segurança dentro desses veículos, ainda mais essa, a contratação de homens “sem rostos”, absurdamente despreparados e aparentemente orientados para tocar o terror em qualquer um que se aventure permanecer na parte da frente dos ônibus. Mesmo que tenha a passagem em mãos ou o cartão BHBus, devidamente carregado com o valor da tarifa. Ou ainda, mesmo que tenha em mãos um valor bem maior, por exemplo, uma nota de cinquenta reais. E aí, nesse caso, corre-se o risco de ser surpreendido pelo agente de bordo, que alegará não ser obrigado a abater em valor tão alto o valor desta tarifa vexatória, que é quase um tapa na cara da sociedade, e respaldado por imbecis feito esses jagunços já citados anteriormente, plantados pelas empresas nos ônibus para garantir sobre qualquer meio (ameaças, agressão moral, física, etc.) que todos os usuários sobre coerção, avancem a roleta e paguem a passagem, mesmo que ainda não tenham chegado em seu destino final. Diante de tal prática, ilícita perante nossa legislação, relato o caso do usuário “Guilherme”, de dezenove anos, que foi covardemente agredido e submetido a todo tipo de situação vexatória que se pode imaginar, quando se deslocava dos arredores do bairro São Bernardo sentido Estação Pampulha, na linha 712.

Ao chegar à Estação Pampulha, o usuário Guilherme, foi impedido pelo dito fiscal de bordo (não identificado nesse primeiro momento) de desembarcar. Mesmo tendo em mãos uma nota de cinquenta reais para pagar a passagem, foi seguro e impedido de descer ou rodar a roleta (a agente de bordo alegava que não tinha troco para o valor dado a ela) e que não era obrigada a cobrar a tarifa, sob pena, de ter ela mesma de pagar o valor ao caixa da empresa depois. Com o respaldo do Jagunço que fazia a segurança do dinheiro da empresa, o mesmo foi mantido em cárcere privado por mais de dois quilômetros, apesar de outro usuário incomodado com a situação, ter quitado junto à cobradora do ônibus o valor da tarifa. Mesmo assim, foi impedido de descer e conduzido por pasmem, mais de dois quilômetros longe da estação, onde faria a integração com o MOVE para seu destino final. Após ser privado de descer em seu destino inicial, a Estação Pampulha, e ser obrigado a descer tão longe, continuou a ser ameaçado pelo dito fiscal da empresa que estava dentro do ônibus; e ao descer na Avenida Pedro I, em frente ao estacionamento do centro de compras ‘Via Brasil’, foi covardemente perseguido e agredido pelas costas a socos e pontapés. Diante de tão gratuita e covarde agressão, o que se viu foi um clima de total indignação dos demais usuários, que prontamente reagiram e desceram do ônibus, assumindo uma postura de defesa do rapaz. Apesar de tanta gente ter se indignado, apenas um ou dois sujeitos permaneceram no local apoiando e adotando as providências necessárias para um desfecho ao menos justo para toda aquela desumanidade presenciada. O rapaz perdido diante de todo aquele vendaval que invadiu a sua vida naquele instante, permanecia sem reações lógicas e racionais e esbravejava sua inconformação por ter sido a vítima da vez dessa situação toda. Ele chorava e falava do medo de andar de ônibus, devido aos perigos normais existentes, para qualquer usuário deste modal no dia a dia. Dezenove anos, dezenove... Covardemente agredido por estar no caminho de um imbecil, que pensa estar agindo de acordo com a lei, defendendo o patrimônio de abutres carniceiros que sugam e mamam nas tetas da população, prestando um serviço de quinta categoria em veículos extremamente desconfortáveis e insalubres.

O que conforta, é saber que a população está atenta e não aceita mais injustiças e covardia. Que a polícia, em seu ritmo próprio, apoia o oprimido e cumpre com seu papel de atender e proteger as vítimas de atos que venham ferir a lei e as individualidades dos sujeitos. Que apesar das injustiças e perante tanta ignorância e falta de senso, existem ainda pessoas lúcidas e capazes de surpreender a todos por sua capacidade de ser humano, de se colocar no lugar do outro e assumir com ele suas dores e angústias, visando a um bem comum em sua relação com o coletivo da sociedade.

Espero, angustiadamente, que esse rapaz leve a frente esse processo e que essa situação seja observada de perto pelas autoridades competentes, para que outros sujeitos não sejam agredidos também. Para que se evite uma tragédia futura, e para que os direitos das pessoas que se arriscam todos os dias a usar, após pagar tão caro por este serviço, sejam garantidos e mantidos no rigor e limite previstos em nossa legislação.

Não pensem que acho correto as pessoas andarem de graça por aí, à custa dos outros, pois não acho certo também! Apesar de entender que se os impostos pagos por nós fossem melhor investidos, talvez tivéssemos não apenas um modal de transporte decente, e sim vários; integrados, eficientes, confortáveis, seguros mesmo que não fosse barato tudo isso! Pois, hoje já não o é. E você, o que faria se deparasse com situação semelhante? Aliás, devido à expansão desse processo de Jagunçagem nos ônibus da periferia de Belo Horizonte, e aos frequentes relatos de agressão e desmandos dessas pseudo-autoridades, será que você já não foi vítima e se calou, ou se calou diante de outras vítimas? Você tem algum parente, jovem, que estuda na escola Três Poderes? Esses têm sido vítimas frequentes deste tipo de agressão. Certo ou não, converse com ele, tente escutar da boca de um conhecido se procede ou não tais relatos.

Aconteceu hoje, dia 31 de agosto de 2015, uma verdadeira tragédia.
Mas, estamos de olho!
Obrigado pela atenção!