Arrumei meu quarto com tanta... Nanda Ribeiro

Arrumei meu quarto com tanta agressividade que fiquei surpresa com aquela atitude ríspida que tive. Peguei meus travesseiros e fiquei batendo sobre a cama para que pudesse tirar qualquer poeira que estivesse ali.
Fiquei com pena do meu colchão. Aquela atitude demonstrava somente uma coisa, que eu estava farta de todas as coisas que estavam me incomodando. Coisas que estavam tirando a minha paz e que eu nunca exteriorizava.
E então, decidi exteriorizar todas as coisas que me incomodavam mentalmente e em cada batida de travesseiro deixei a marca da minha briga interna.
Estava farta de mim, de aceitar coisas alheias que não me traziam alegrias. Estava farta de promessas, palavras e pessoas vazias. Do amor se esvaindo. Das críticas de uma sociedade hipócrita. Do pré-julgamento de pessoas insanas. Farta de tudo que estava acontecendo.
Como pude me deixar tornar réu de pessoas que só queriam o meu mal?
Como pude me tornar uma pessoa pior por causa de outras pessoas?
Como pude deixar meu coração sangrar tanto, sendo que a faca foi cravada em minhas costas?
Essas dúvidas estavam me perturbando de tal maneira que pensei em parar de arrumar toda aquela bagunça existente em meu quarto e me atirar por aquela janela. Só assim esse pesadelo acabaria e eu iria ter o tão esperado sonho tranqüilo que sempre almejei.
Mas, pensei e repensei.
E aqui estou.
Viva.
Fazendo com que cada palavra escrita seja um pedaço de mim, correndo pelos ventos e morrendo pelos cantos.
Perdão por esses pensamentos, Deus.