Quando estamos no meio do olho do... Sabrina Oliveira

Quando estamos no meio do olho do furacão, e alguém nos fala “só o tempo para resolver”, quase sempre temos vontade de passar com uma scanea sobre o cidadão que nos falou isso...
Quando esquecemos a janela aberta e o furacão se aproxima para desordem, a gente não quer esperar o tempo, a gente quer explicação, respostas, soluções imediatas...
A dor é insuportável, assim como a intensidade de todo e qualquer sentimento...
Nada flui, o controle remoto só sabe pausar naquela cena, naquela história, naquela conversa, naquela pessoa...
E nessa situação permanecemos por muito tempo, as vezes até anos, tudo porque não entendemos o quanto permanecer ali faz mal para todos envolvidos...
A paz não volta, o estomago arde, o choro parece que nunca vai cessar...
Até que um dia, do nada (ou do todo), a ficha cai... Um momento, uma única frase... Ou um único olhar que deixou de ser o mesmo... Vc percebe que não pode sentir falta de todos os abraços que deixaram de ser dados, porque se deixaram de existir, é porque não podiam mais ser importantes para voce...
Voce percebe que qualquer sentimento tem que ser livre, e ninguem te deve nada e voce não deve nada a ninguem..
Voce fez o seu melhor, e outro também...
Você percebe que muito do que te causou a dor mais intensa que um ser humano normal poderia aguentar, foi você quem permitiu...
Mas como num passo de mágica, num dia qualquer, você começa a enxergar as coisas de um jeito diferente...
Por um tempo, insistir, tentar fazer parte da vida de alguém a qualquer custo (muitas vezes inclusive passando pela vontade do outro), te trazia um minimo de alívio insano, mas de uma hora para a outra, você percebe, não é mais para você...
Você desperta e percebe que só te faz bem fazer parte da vida de alguém que também quer fazer parte da sua e faz questão de demonstrar isso, as vezes não da forma que você espera, mas da melhor forma que ela consegue...
Você percebe, que não quer mais ser coadjuvante da sua própria vida, mas sim atriz principal...
Você percebe que você não precisa e nem é saudável ter acesso ao outro 24 horas por dia, mas que se numa situação específica, por algum motivo precisar, você pode ter...
Você percebe que só é bom se for recíproco, pois se você tiver que fazer das tripas coração para equilibrar uma situação, esquece, mais dia menos dia , td vai estar no chão e despedaçado...
Você percebe que foi bom, foi muito bom, mas por excessos, ou omisssões, acabou... Ou acabou porque tinha que acabar... Era uma história importante, bonita, mas tinha inicio, meio e fim...
A gente não pode e nem deve obrigar ou proibir qualquer pessoa de tomar qualquer atitude... Cada um tem que ser livre para fazer suas escolhas...
Porém, você pode se posicionar a respeito do que está vivendo... Se dói, não peça para pessoa mudar, ela não vai... Se estivesse na mesma sintonia que você ela já teria mudado por conta própria, simplesmente para não correr o risco de te fazer sofrer...
Não a culpe por isso, e nem tampouco se culpe... Apenas siga em frente...
Não peça que o outro mude, mas não aceite e não se acostume com dieta de afeto, ninguém nasceu para isso, tudo na vida é equilíbrio...
Se você precisa se esforçar pela atenção de alguém, não é mais saudável tê-la...
Dói muito a chegar essa conclusão, mas a dor é muito maior se você prolonga uma situação que nem deveria mais existir...
E como a gente decide seguir em frente? Como a gente desperta para tudo isso??
Só o tempo... As vezes curto, as vezes longo.... Mas é só ele... Aliado as suas escolhas de ser feliz... A sua decisão de tomar as rédeas, a sua decisão de voltar a ser importante para você, antes de querer ser importante para qualquer outra pessoa...