Aquele que não reconheço. O qual... Amanda Lebassy

Aquele que não reconheço.
O qual conhecia de cór, a cor das camisas, que contava os minutos para ver sorrir depois de uma briga, que de segunda a segunda sabia qual era a comida preferida. Que sabia onde se encontrava a qualquer hora do dia...
Há, eu sentia como a noite correria apenas pelos passos que ouvia, as tremulas e sempre suadas mãos que me afagavam até que eu dormia. Que me habituou a amar com o olhar, a não falar sem pensar. A quem eu ensinei a não temer o mundo, a quem me ensinou a perder o bobo medo do escuro. Com quem eu não dividia nada, pois sempre me dizia que era tudo nosso.
Que era dado a manias,cantar enquanto dirigia, beber comigo até raiar o dia, de passar os dedos entre os cabelos, de fazer dos domingos algo sagrado do quarto para cozinha, da cozinha para o quarto. Mania de café, mania de cigarro, mania de sentar ao meu lado, mania de fazer o meu prato, mania de andar descalços, mania de me mimar de ligar quando dormia longe para eu acordar.
E hoje quando noto ele se aproximar eu ainda recuo;
Os passos, o olhar... temerosa de não encontrar mais nada no lugar.
Aquele que não reconheço.