RIO DOCE Sou um poeta que ama Os rios,... Roberto Matheus da Costa

RIO DOCE

Sou um poeta que ama
Os rios, toda a natureza;
E quando ela reclama
E sofre perdendo a beleza,

Eu também me emociono
Ao ver o estrago da lama.
Ao rio fizeram algo insano
Restando a muitos o drama

De ter a vida atingida,
Trazendo sofrimento e dor,
Com peixes e gente afligida:
Índio, cidadão, pescador.

E agora não tem mais curimba
Cascudo, mandi ou dourado.
Cavar um poço, cacimba,
O estrago será demorado.

E tudo isso pela ganância:
A exploração do minério.
À vida não dão importância,
Não levaram o Rio a sério.

E quando estouraram barragens
Contendo rejeitos de ferro
A seca acabou com as forragens
A natureza dando berro

Gritando, pedindo socorro
E tudo isso deixa tristeza
“Me ajude, ou se não eu morro!”
A fauna e a flora em fraqueza.

Quando será que veremos
A vida em nosso Rio Doce?
E de su’água beberemos?
Achamos que piorar não fosse.

E agora temos que chorar
No velório de nosso rio
E a lama também vai ao mar
Só de pensar dá calafrio.

Agora é viver com os transtornos
Até que tudo isso acabe
Preservar dos rios os entornos
E que mais lama não desabe.

Beto Costa, Baixo Guandu-ES – 19/11/2015 (17h42 e 20h14)