O FUMANTISMO Admiro incansável o... Moacir Luís Araldi

O FUMANTISMO
Admiro incansável o escritor. Este colega do dia-a-dia. Conta
suas produções com tal entusiasmo que me excita a escrever algo. Qualquer coisa. Se sair em linhas subtraídas chamo poesia, se extenso, conto.
Tarefa guerreira é escrever. Às vezes uma palavra atira-se em outra e quebra a muralha destruindo a frase. Não a recomponho. Se esta, por ventura, vier a ser tombada pelo patrimônio histórico literário, os historiadores que a reelaborem. Pior mesmo, e isto é o mais provável, se não tiver nenhum valor. É enrolar o papel o lotar o balde de lixo. Para mim há uma saída quando faltam palavras. Ascendo um cigarro e elas emergem em meio a fumaça. Mas os escritores (ou não) que não fumam? Deve ser terrível. Talvez consumam "chicletes" ou sei lá o que fazem. Agora, uma coisa é certa: nada melhor que a fumaça do cigarro para trazer ideias brilhantes. Não importa se o pulmão está cancerígeno. Se a garganta incha, se o coração dispara. Afinal, o escritor não precisa destes em pleno funcionamento, sua tarefa é apenas escrever.
Portanto o escritor pode ser fumante. Se morrer jovem ótimo. Se for vítima do cigarro, excelente. Não e mais fácil à obra fazer sucesso após a morte de seu criador?
Então, fumemos colegas "escritorinhos". Fumemo-nos mutuamente, até o dia em que os críticos cedam e reconheçam este novo movimento literário: O FUMANTISMO."