Há momentos na vida em que temos que... Giovanni Rodrigues

Há momentos na vida em que temos que lutar contra nossos pensamentos, para que nossa mente não morra, não trave. Deixar de pensar em tantas coisas que confundem o pensamento.
Tem vezes que eu gostaria de apenas dar uma sumida da vida, do mundo. Já pensei até em ir pra bem longe, onde eu encontre alguma paz. Passaram-se 30 dias desde a última vez em que tive você ao alcance dos meus olhos. 30 dias cinzentos, que mais parecem uma eternidade...
Certa vez uma pessoa me mostrou um texto que Miguel Fallabela escreveu, que guardo desde 2004, chamado “Saudade”. Nunca um texto me prendeu tanto e me fez pensar no sentido dessa palavra. Esse texto transmitiu claramente o significado dessa palavra tão peculiar.
Confesso que minha busca incessante por tarefas que me cessem os pensamentos sobre você não estão dando muito certo. É simplesmente impossível não pensar em seus olhos e no seu jeito nos meu dias, pois cada lugar, cada detalhe tem um pedaço seu, uma lembrança sua.
Ao mesmo tempo em que meu quarto se torna um abrigo seguro, sobre as duas voltas da fechadura, ele também me quebra, me derruba. Traz as mais belas lembranças de momentos em que não havia nada que eu pudesse temer. Esse quarto se tornou tão seu quanto meu e a sua presença ainda é notável nesse local, mesmo que em pensamentos, mas ainda te sinto. O que tenho nesse quarto foi tudo que me restou e são os pertences mais valiosos.
Um par de tênis, um pijama, porta retrato e fotos, um notebook com tantas fotos e lembranças, quadros, uma toalha... Coisas que estão aqui e que me confortam, me trazem paz e alegria, mas trazem lágrimas de saudade...
Como dói não ter notícias de quem se ama. Como dói parecer que você já não tem tanta importância para a vida da pessoa amada. Vivo pensando pra me confortar “Calma cara, você ACHA que não faz falta, mas você nem imagina como você faz diferença na vida dessa pessoa”... Eu sinto tanto a sua falta e um vazio enorme em meu peito. Os dias estão mais longos, sem graça, mas eu tento ao máximo não transparecer minha tristeza, e finjo por aí que já não estou tão machucado como antes. Mesmo assim às vezes deixo escapar em certos comportamentos o que se passa aqui dentro, pensamentos distantes, pensamentos em você... Somos e sentimos o que ninguém vê...
O que eu não faria pra te ter aqui de volta? Te ter nos meus dias, finais de semanas, na nossa cama juntos novamente, que agora parece uma imensidão que me deixa tão perdido e pequeno, principalmente aos Domingos...
O que eu não faria pra voltar a estar com você na praia? Encontrar um outro cachorro perambulando pela praia no luau e chamá-lo de “Roger”, ir no cinema aos Domingos, passar as Sextas-feiras na sua casa, curtir uma balada a dois, que fazíamos tão bem e apaixonados, mesmo que sem muita dança, mas juntos tudo estava bem... Ficar na escadinha da sua faculdade comendo açaí, te levar algum chocolate ou bisnaguinha com Nutella só pra te agradar, já que eu sabia que mais tarde bateria aquela fominha ou vontade de alguma ‘gordisse’... O que eu não daria pra te devorar mais uma vez com meus olhos quando você usava suas lingeries que sempre me enlouqueceram, poder te beijar, te tocar, te sentir, ouvir o timbre da sua voz tão linda, lenta e manhosa... Apreciar o seu jeito único de ser, e te envolver novamente em meus braços...
É Hazel, minha pequena, quem diria que toda cor e alegria da minha vida estavam resumidas unicamente em você... Eu na verdade sempre soube, mas agora isso é muito mais nítido pra mim.
Quem dera Deus jogasse uma luz na sua mente, em seu coração, te fazendo perceber como as coisas mudaram e como já não sou o mesmo cara de antes. Como estou me tornando um ser humano melhor e uma pessoa mais madura com caráter inovado... Não há preço que eu não pagaria nem loucura que eu não faria pra poder andar de mãos dadas com você... Suas mãos pequenas, macias, tão lindas. O carinho delas é capaz de acalmar até a mais entristecida das almas, e trazer a alegria essencial e necessária na vida de um ser.
Eu já cheguei a te odiar, a ter raiva de você durante esses dias, mas meus pensamentos, principalmente antes de dormir, resumem-se em: Quando terei você aqui ao meu lado novamente, pra poder te proteger, e me sentir seguro novamente? Quando poderei dormir sabendo que amanhã terei alguém ao meu lado pra cuidar, pra me cuidar, pra amar e me amar. Alguém pra dividir os momentos mais simples e especiais, os planos de uma vida... Os mais valiosos, que hoje me fazem uma falta sem explicações!
Só as paredes do meu quarto são testemunhas da falta que você me faz... 30 dias e, desde então, já não tenho um norte a seguir...