Há corpos espalhados pelo chão à... Alvaro Giesta

Há corpos espalhados pelo chão à minha frente Nos seus rostos lívidos cor de cera morreu a esperança com a chegada da morte no frio gume da catana Jazem à sombr... Frase de Alvaro Giesta.

Há corpos espalhados pelo chão
à minha frente

Nos seus rostos lívidos
cor de cera
morreu a esperança com a chegada da morte
no frio gume da catana

Jazem à sombra das mangueiras…
a morte passou por ali

Corpos decepados
esventrados
violentados
num rio de sangue pelo chão…

Ali apenas as varejeiras têm vida e voz
no zunido e na cegueira de beber
Sugam famintas de sede
o sangue ainda quente dos cadáveres

Zunem de sofreguidão na disputa
do sangue vertido
dos corpos esquartejados
pelos golpes das catanas

Para lá da orla da mata ainda o eco
dos gritos de vitória e os risos satânicos
de alegria e morte no ar
numa mistura de feitiço e de liamba


In “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta