Estou a beira de um precipício e... Sharonn K. Rodriguez

Estou a beira de um precipício e enxergo lá embaixo protótipos de felicidade: pessoas caminhando, tentando encontrar sua paz. Encontro meu eu jogado no chão em questão de segundos. Pergunto-me o que raios me levou a fazer isso. Problemas? Angústias presas dentro de minha garganta? Uma situação meio constrangedora, momento de fraqueza. Arrependimento enquanto voava feito pássaro. Ouvi a imensidão da minha solidão rosnar pra mim: "burra", dizia-me. "Otária", dizia outra vez, debochando de mim. Por uma única vez abri alas para conversar comigo mesma. Porque eu me perdi tão rapidamente? Porque eu sinto como se eu tivesse perdido o controle de tudo? Me sinto enfraquecida, não estou imune de nenhuma tristeza ou dor. Porque me sinto tão abalada, fora de mim? A palavra certa, de fato, seria: inalcançável. Porquê me sinto inalcançável? Como se eu estivesse do lado de uma pessoa, mas essa pessoa não pudesse me tocar ou me sentir. Sou inalcançável como uma estrela tão distante. Sou o infinito de uma distância nem tão distante. Sou um enigma, mas em uma fração de segundos, viro um livro totalmente aberto pra quem estiver a fim de ler. Sou tão fraca. Fraca, desumana, abalável, substituível, incompreendida. Sou a parte sombria de cada ser humano. Sou um grão de areia da praia mais deserta. Sou a parte esquecida de um sentimento. Sou aquela culpa guardada do fundo do coração. Prove-me. Sinta o quão abatível eu posso ser quando se trata do bem da minha alma. Absoluta, poder inabalável, humana abstrata. Invisível.
Meus sonhos? São vazios. E a cor? Oh, desculpe-me. Não existe cor no meu mundo. É um completo cinza. Sou a vingança que nunca está livre. Sou minha própria morte.