E a gente se protege...se protege...se... Maria Aparecida Francisquini

E a gente se protege...se protege...se embala numa armadura que acredita ser intransponível...mas aí...chega aquele dia, que alguém se aproxima de uma maneira tão doce, tão gentil, tão deliciosamente agradável, que acreditamos que enfim, não existe mais a necessidade da proteção...e nos despimos da armadura que usávamos para nos proteger...não uma nudez desatinada. Mas direcionada...e cheia de esperança...de alegria plena...mas como é difícil se desfazer de uma maneira de viver/se proteger que nos acompanha já uma vida inteira...e a gente fica sem jeito...e esta falta de jeito nos faz não fazer...não deixar acontecer...e querer voltar desesperadamente a vestir a armadura... a se proteger...mas não existe volta...ela não protege mais...não da maneira que já estávamos acostumadas...é que aprendemos a gostar do ser gostada...tomamos gosto por nos sentirmos amadas...e para ser sincera, a armadura nem nos serve mais! Nem nos proporciona nenhum conforto(será que algum dia realmente proporcionou?) !É que aprendemos a andar leves...a passar os dias com aquele olhar distante de adolescente mesmo...apaixonado...a caminhar pelas ruas sonhando, numa fluidez que chega a se assemelhar com um estado de levitação...no ar...tão bom...tão deliciosamente leve...solto...cheio de risos e sorrisos...daquela felicidade que só conseguimos sentir, quando nos sentimos leves...amadas...desejadas...
Mas a vida segue em frente...
E mais dia, menos dia, tudo se ajeita...
quem sabe a gente inventa uma nova maneira de se proteger...ou quem sabe a gente desiste de se proteger...quem sabe a gente finalmente aceita que é bom de verdade caminhar leve...solta...no ar...e se recusa terminantemente viver diferente...
É...Viver tem disso também...