O tomate, os remédios, e o lugar que... Marinho Guzman

O tomate, os remédios, e o lugar que cada um de nós tem garantido, no inferno ou no paraíso.

O preço dos bens e serviços é formado basicamente pelo custo, onde cada um adiciona o lucro que pretende.
Essa equação é regulada pela maior lei de mercado existente, que é a procura.
No caso do alto custo do tomate, campeão de todas as discussões hoje na mídia, é fácil entender que os produtores que perderam suas safras estejam tentando se ressarcir dos custos e ter seu lucro com o pouco tomate que sobrou.
Na terra de todas as pizzas, não está faltando quem pague várias vezes mais seu custo habitual para ter à mesa o produto.
Se o povo não comprasse o tomate, o produtor iria baixar o preço, absorver esse prejuízo momentâneo e se ressarcir em várias safras, não em uma só como pretende, e como acontece com a maioria dos produtos que são regulados e obrigados a se submeterem à dura lei da oferta e da procura.
A pizza para muitos é o paraíso dos domingos e hoje o tomate é o inferno dos produtores.
Mas tem coisa como os remédios, que não estão sujeitos às chuvas nem trovoadas e na maioria das vezes são produtos químicos, minerais e vegetais abundantes, misturados em pequeníssimas proporções que cabem numa caixinha, num pequeno frasco ou tubo e que custam os olhos da cara, porque a ninguém é dado o direito de escolher se vai ou não tomar um remédio que vai lhe devolver a saúde ou mesmo salvar a vida.
A mentira deslavada contada pelos industriais do ramo é de que a pesquisa para descobrir e desenvolver os remédios é muito cara.
É fácil verificar a mentira, quando se vê que os lucros astronômicos desses laboratórios transformaram seus proprietários em bilionários, fizeram dessas, as maiores e mais rentáveis indústrias de todos os gêneros, em todo o mundo.
Eu não usaria aqui o termo máfia dos remédios, porque a máfia e todo o crime organizado junto, são comparáveis aos pequenos delitos e pequenos marginais, se pudéssemos avaliar a perversa realidade que o alto custo dos remédios causa na população do mundo todo.
Milhões, repito, milhões de pessoas morrem todos os anos, por não terem acesso aos remédios básicos e aos chamados de ponta na cura da AIDS, do câncer e de outras doenças, sem contar que esse custo tira do pobre, até o dinheiro da comida.
Portanto senhores, nada de pensar que o vilão dos preços é o tomate. A chuva passa, o lucro dos agricultores se recompõe, o lucro e a vida voltam ao normal em pouco tempo.
Mas não é isso que acontece com quem precisa de remédio, dos que já morreram pela falta dele, e pelos que precisam tirar o dinheiro da própria comida para trocarem a morte lenta da fome pela morte rápida de não tomar o remédio.
Por aí a gente entende, porque quando os ricos cometem crimes a gente fala que no fim termina em pizza.
É a comemoração da impunidade, que não vai ter vez quando alguns forem condenados pela sentença irrecorrível de padecerem no inferno o mal que causaram aos seus semelhantes, em troca de um suposto paraíso terreno que esse dinheiro maldito proporciona a alguns.
É desses que Jesus fala, quando diz que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico ter um lugar no céu.