Despedida é uma dor momentânea que tem... Karla Moreno

Despedida é uma dor momentânea que tem nome. Igual dor de barriga. Quase que literal. A cabeça da gente para de processar as informações convenientes. Nossos estômagos se comprimem conforme a respiração falha diante das lágrimas que caem e a gente tenta engolir junto da saliva. Os olhos se fecham com força como se, ao abrir, a dor fosse desaparecer. Igual criança com medo do escuro. É dor momentânea que dá e não passa. Dá lugar a saudade. Dá lugar ao vazio. Não passa porque despedida é sinônimo de estagnação. Você estaciona naquele abraço e a vontade é de pausar aquele instante pra se privar de todo o resto. Você se faz todas as perguntas mais idiotas e no final de todas elas sempre existe um "por que?" sem resposta plausível. Despedida é uma dor que dói quando você dá as costas pra pessoa que dividiu contigo aqueles dias inesquecíveis, os jantares fantásticos, as noites mais incríveis, e sai andando, enquanto a vida te enche de pessoas as quais você daria tudo pra que te dessem as costas e caminhassem sem rumo ao infinito. Despedida é injustiça. É uma vida com uma vírgula sem continuidade. É uma certeza que temos e que, mesmo assim, nos tira do eixo uma vez ou outra. É sintoma de asma, onde a bombinha pega um avião e você só recupera o ar quando ela voltar.