Filhos Martha Medeiros
Nosso povo!
A fé é o nosso escudo
mesmo que a chuva retarde
as vezes ficamos mudo
com o preconceito que arde
ser nordestino é ser tudo
menos ser homem covarde.
O PRECONCEITO
é superficial
é periférico
é frágil e visual
é aquele que por primeiro aparece
é a PELE que recobre o corpo
e que, pela morte, apodrece
O CONCEITO
é profundo
é o núcleo
é forte e fecundo
é aquele que por último aparece
é o OSSO que sustenta o corpo
e que, pela morte, permanece
Mudança!
Tem gente lá do sudeste
que quer mudar de destino
tem gente do centro oeste
que veio desde menino
tem gente de sul a leste
que não nasceu no nordeste
mas se sente nordestino.
Cuscuz nosso!
Nordeste que me seduz
onde o aperreio some
tua beleza é quem faz jus
a natureza do teu nome
e eu agradeço a Jesus
por cada prato de cuscuz
que ainda mata nossa fome.
Guibson Medeiros.
MAR BRAVIO
Ondas bravas vem, ondas débeis vão
O velho pescador, Joaquim e seu irmão
Navegando o velho barco pesqueiro
Enfrentam a fúria de um mar traiçoeiro
Jovens que nunca navegaram
Ancorados ao avô que sempre amaram
Protetor, o velho os acolhe
Mas teme, pois sabe, o mar é quem escolhe
Enfurecidas águas castigam forte
Três vidas que vislumbram possível morte
A esperança recai na modesta embarcação
Que essa cumpra sua perene vocação
Sem descanso, o barco sobe e desce
Passando mal, Joaquim empalidece
Seu avô, segurando no timão
Guia o barco, atravessando o furacão
Não há alento nesse mar tão arredio
Três vidas que seguem por um fio
Nas mãos do velho pende o futuro
Para os jovens o fim é prematuro
Ondas fortes fustigam ferozmente
Resta apenas torcer, infelizmente
Para os jovens o medo é muito forte
Para o velho o medo é seu norte
O casco suporta a grande fúria
Resiliente, não aceita vil injúria
Aderna, mas segue flutuando
Navega, não se sabe até quando
O pânico dos jovens só aumenta
Parece não ter fim atroz tormenta
O desespero parece dominar
O que fazer, a não ser acreditar?
De repente, a tormenta desvanece
Para os três, a esperança resplandece
A vida desta vez se compadece
Noutra vez, quiçá, desaparece
A nordestina é tão bonita
de acelerar coração
quando anda se arrebita
que chega chama atenção
parece até que levita
bota um vestido de chita
do queixo cair no chão.
Esse orgulho eu carrego
porque me faz muito bem
pelo sertão que trafego
um pouco de tudo tem
sou nordestino e não nego
a minha origem a ninguém
O PAÍS QUE EU QUERO.
O Brasil que eu espero
é um Brasil de esperança
sem o choro da criança
e do amigo sincero
o país que tanto quero
tem que ter honestidade
tem que ter felicidade
quero um Brasil desse jeito
não precisa ser perfeito
mas que seja de verdade.
Quero um país sem maldade
que não tenha preconceito
que o valor do meu direito
não me sirva só a metade
quero ter a liberdade
ser feliz no meu espaço
dividir cada pedaço
sem ter distinção de cor
quero um Brasil do amor
do respeito e do abraço.
Nordeste sim!
No meu nordeste tem
charque com macaxeira
feijão de corda na feira
e batata doce também
milho verde e xerém
e inhame pra cozinhar
tem rede pra balançar
água de coco gelada
carne de sol bem assada
cuscuz, cocada e fubá.
Cuscuz nosso!
No nordeste ele é perfeito
que não falte pra ninguém
tem cuscuz de todo jeito
por aqui só faz o bem
e que siga esse conceito
que o cuscuz é um direito
que todo nordestino tem.
Tem sim!
Imagine uma jaca dura
um feijão bem debulhado
batata doce com guisado
e um pedaço de rapadura
a manga espada madura
e carne de sol pra assar
aquele bolo de fubá
e um café quente pra agora
um cuscuz feito na hora
e um caldeirão de munguzá.
Ser!
Momento de amizade
e de respeito também
pra se ter a felicidade
só mesmo fazendo o bem
e quem gosta de liberdade
nunca tira a de ninguém.
Cuscuz sim!
O nordestino é atento
desde o talo da raiz
aproveita o momento
que ele pode ser feliz
e fala com sentimento
que o cuscuz é o alimento
mais gostoso do país.
