Filhos Martha Medeiros

Algo é tão inútil,
Algo que vivo de forma subtil.
Com tanta subtileza,
Eu tenho a certeza,
Que este algo é a vida,
Ou talvez algo que se pareça.

Ócio

Já estou predestinado,
Com alguma sapiência acumulada,
No meio da sabedoria
Nunca me sai nada.

Se calhar viajo muito
Concretizo pouco,
Com tanto intuito
Continuo cego e mouco.

O tempo já me rasteirou
Mais de mim acordou,
Foi só tempo perdido
Que já se finalizou.

Amanhã é mais um dia
Nova oportunidade
É desta que me Safo
Não Caio na mediocridade.

A falta de elegância entre as pessoas é crônica, não é poesia.

Não sou inteligente, estou na média. O detalhe é que os demais estão todos abaixo da média.

Nossa vida parece um eterno rascunho. Tenho a impressão de que nunca chegaremos à versão definitiva.

Eu falo e o mundo se afasta. Eu calo e meu mundo não basta... Que vida nefasta!

SOL FORTE.

A chuva anda escassa
por aqui Deus nos acuda
a partida vai em massa
nada mais que nos iluda
de tão forte o sol assa
e cada ano que se passa
é sinal que nada muda.

A nordestina é assim
bonita, forte e valente
cheirosa feito jasmim
endoida como aguardente
é doce feito dindim
e fértil como a semente.

A comunicação oral ou escrita, correta e bem estruturada, pode esconder um neandertal hipócrita de mente reta e enclausurada.

Tento ser um escritor de belos versos, mas me sinto um excretor de velhos verbos.

Alguma coisa tem que valer a pena, nem que seja a escrita que a pena proporciona.

o peso de uma POESIA se mede POR aQUILO que ela causa e NÃO pelo peso do papel que usa.

DESEJOS POLIFÔNICOS

lampejos ultrassônicos
de desejos polifônicos
fecundam na rasa casta
e afundam em vasta pasta

TRISTE HOMEM

homem que destrói homens
desconstrói sonhos e lares
enquanto constrói dor e fome
reconstrói homens singulares

O ser humano é o resultado da soma de todas as cores.

HÁ TANTO

há tanto que vai pro lixo
há tanto que é deletado
portanto não há buxixo
portanto não há pecado

Feliz de quem escreve, tirando de letra a poesia.

ANOITECE

em passos de lentos caracóis
anoitece em minha triste mente
o que um dia foi belo, logo perece
e do breu cielo, somem meus sóis
no previsto, um imprevisto latente
a luz, deste corpo, assim desaparece

A arte na escrita, talento de um louco, é colocar muito dentro de pouco.

O rio corre e as águas passam. No entanto, as margens permanecem molhadas.