Fernando Pessoa Poema Hora Absurda
Os poetas mentiram pra mim, Roberto Carlos mentiu para a gente. O amor não é manso assim. Ele pega, invade e devora a gente.
Escolhas erradas, planos quebrados, desejos inúteis, vontades desnecessárias. Assim que me sinto sem você, totalmente sem sentido, perdido.
É difícil olhar no fundo de seus olhos e não conseguir imaginar as infinitas possibilidades que teríamos se o destino nos permitisse.
Meu coração está ferido de amar errado. De amar demais, de querer demais, de viver demais. Amar, querer e viver tanto que tudo em volta parece pouco. Seu amor, comparado ao meu, é pouco. Muito pouco. Mas você não vê. Não vê, não enxerga, não sente. Não sente porque não me faz sentir, não enxerga porque não quer. A mulher louca que sempre fui por você, e que mesmo tão cheia de defeitos sempre foi sua. Sempre quis ser só sua. Sempre te quis só meu. E você, cego de orgulho bobo, surdo de estupidez, nunca notou.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda…
Tenta demonstrar de alguma forma. Do jeito errado, do jeito certo, sem jeito, do seu jeito, mas tenta.
Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota - está me entendendo, garotão?
Tudo isso dói. Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois.
Juro que nunca mais vou amar ninguém. Nunca mais vou me ligar a ninguém. Nunca mais. Eu acabo destruindo tudo que toco.
Não era amor de verdade, era daqueles amores que já vem pronto, embalado, adiciona água quente e espera amolecer. Mas não tem gosto e esfria rápido.
Está quase amanhecendo, boy. As damas da noite recolhem seu perfume com a luz do dia. Na sombra, sozinhas. envenenam a si próprias com loucas fantasias.
Hoje sou luxúria. Espero mãos pesadas, ópio na veia, sol de giz riscado no chão. Quero dividir meus erros, arranhar minha loucura.
Ando tão triste que às vezes me jogo na cama, meto a cara fundo no travesseiro e tento chorar. Claro que não consigo.
Chovia, chovia, chovia e eu ia indo por dentro da chuva ao encontro dele, sem guarda-chuva nem nada, eu sempre perdia todos pelos bares, só uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito, parece falso dito desse jeito, mas bem assim eu ia no meio da chuva, eu enfiava as mãos avermelhadas nos bolsos e ia indo, eu ia pulando as poças d’água com as pernas geladas. Tão geladas as pernas e os braços e a cara que pensei em abrir a garrafa para beber um gole, mas não queria chegar meio bêbado na casa dele, hálito ardido, eu não queria que ele pensasse que eu andava bebendo, e eu andava, todo dia um bom pretexto, e fui pensando também que ele ia pensar que eu andava sem dinheiro, chegando sem táxi naquela chuva toda, e eu andava, estômago dolorido, e eu não queria que ele pensasse que eu andava insone, e eu andava, roxas olheiras, teria que ter cuidado com o lábio inferior ao sorrir, para que ele não visse meu dente quebrado e pensasse que eu andava relaxando, sem ir ao dentista, e eu andava, e tudo que eu andava eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era.
Ultimamente eu só estou querendo ver o bom que todo mundo tem. Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem? Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém. Queira viver, viver melhor, viver sorrindo e até os cem. Estou feliz, estou despreocupado, com a vida eu estou de bem.
Porque quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. Dilacerando felicidades de mentira, desconstruindo tudo o que planejei, abrindo todas as janelas para um mundo deserto. É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias. É agora que quero dividir maçãs, achar o fim do arco-íris, pisar sobre estrelas e acordar serena. É para já que preciso contar as descobertas, alisar seu peito, preparar uma massa, sentir seus cílios. “Claro, o dia de amanhã cuidará do dia de amanhã e tudo chegará no tempo exato. Mas e o dia de hoje?” Não quero saber de medo, paciência, tempo que vai chegar. Não negue, apareça. Seja forte. Porque é preciso coragem para se arriscar num futuro incerto. Não posso esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados. É preciso que você venha nesse exato momento. Abandone os antes. Chame do que quiser. Mas venha. Quero dividir meus erros, loucuras, beijos, chocolates… Apague minhas interrogações. Por que estamos tão perto e tão longe? Quero acabar com as leis da física, dois corpos ocuparem o mesmo lugar! Não nego. Tenho um grande medo de ser sozinha. Não sou pedaço. Mas não me basto.
Como é mesmo que minha mãe dizia? Quem não é visto não é lembrado. Longe dos olhos, longe do coração. Pois é.
