Fernando Pessoa Poema Hora Absurda
O tempo e a rotina
Que o dia não corrói
O homem e a raça
A parede e a traça
O vinho e a taça
O bairro e o mundo
O universo e o infinito
Tudo parece mais bonito
Quando as coisas dão certo .
Por certo; tens de crer
Ores querido!
Para que, ao ouvir o bramido
Não seja o teu gemido de infelicidade.
O bairro venceu.
Lástima! lástima, lástima.
Mágoas a lamentar
A plateia não era...
não era definitivamente
minha!!!
050424
LUA
Numa noite de céu estrelado
A lua nasce, com seu brilho prateado
Iluminando o caminho
De quem anda sozinho!
Cheia, redonda e cativante
Vem vindo a lua
Surgindo no horizonte
Ela, sempre tão fascinante!
Lua nova, em constante transformação
De nossos olhos, acompanhamos a sua evolução
Sempre discreta e com beleza resplendor
Trazendo recomeços e quem sabe um novo amor
Em cada fase de nossa vida
É ela que está presente
E nós faz pensar:
Será que ainda devo continuar?
010724
É O FIM
Tudo que inicia
Se finda.
Tudo que é como
Se fosse
Não é.
São palavras bem covardes
Que agradam os Mané.
Nem o céu
Nem o inferno.
É apropriado a mim.
Não tenho nada de santo
Do diabo um pouquim.
Mas rezo todos os dias
Pra Deus ter pena de mim.
Se não for tanto trabalho
Me indique o atalho
Que me incurte o caminho.
Livrai- me de todos males
Pode ser devagarzim.
Me desvie dos demônios
Que miram contra mim.
A desgraça alheia minha
Resplandece os corações.
Pai eterno meu Senhor
Me livre de tais tentações.
Arrumai pra aí
Um cantinho
Com carim.
Pois aqui
Estou sozim...
Mesmo em meio à multidões!
280924
ABOLIÇÃO
Em 1888 veio a Abolição
Um passo infalso
Um passo sem chão
Liberdade em papel
Sem terra e pão.
Do passado ao presente
É luta e é glória
Na pele e na alma
Se faz essa história
Da luta de ontem
AO sonho de agora
É força que brilha
Que insiste e vigora.
161124
A vida não separa ninguém só fornece desculpas para os que já estão afastados.
Álibi bom do crime perfeito
que é deixar de querer.
Álibi bom do crime perfeito
do grande bandido que temos no peito.
Silêncio Entre a Gente
Num mundo tão vazio,
você foi… especial.
Palavras digitadas,
risos compartilhados,
tudo era tão leve,
tão inesperado.
Falávamos de tudo,
sem medir o tempo,
dividíamos segredos
no mesmo momento.
Mesmo sem te ver,
eu pude sentir sua presença,
como se a distância
não fizesse diferença.
Você foi mais que um amigo comum.
Foi abrigo
quando eu não tinha nenhum.
Agora restou só a solidão digital
e um adeus
que nunca foi oficial.
Te conhecia
até sem precisar falar,
mas hoje
o silêncio é grito entre a gente.
Estou preso
entre o orgulho
e a vontade de voltar,
mas o caminho de volta
parece diferente.
A gente se falava todo dia
risada, desabafo,
até teoria.
Mesmo de longe,
parecia irmão,
conexão de verdade,
tipo extensão do coração.
Mas bastou uma briga,
uns mal-entendidos,
respostas secas…
E agora?
Silêncio.
Só sei que a gente
parou de se entender.
E a pior parte é não saber
se ainda se importa,
ou se é melhor esquecer.
Sinto falta
das ideias aleatórias,
dos memes,
dos planos pro futuro,
das histórias.
Mas nem sei
se faz sentido
mandar um “oi”...
Vai que o que a gente tinha
já se foi.
"O vento à espreita,
me encontra só,
como um resoluto esteta,
que contempla luas de quarto-crescente
com algodão doce na soleira.
E assim,
O caos se aquieta.
Em livros e poemas,
busco a companhia de palavras,
para atravessar o ciclo
e alcançar a revoada."
Resistência do Ego: Uma Poesia Psicanalítica
No labirinto profundo da mente humana,
Um ego se ergue, forte e altaneiro,
Vigia as sombras, labaredas de dor,
No embate interno, um constante atoleiro.
Poeira de desejos, anseios submersos,
Lágrimas guardadas, sussurros da alma,
O ego, com suas defesas e versos,
Construindo muros, buscando a calma.
Mas que resistência é essa que clama,
Que se esconde nas tramas do ser?
Entre as vozes do côncavo e do drama,
Há um chamado, um sutil renascer.
A repressão dança em rituais sutis,
Moldando verdades, mesmo quando ferem.
O ego se agarra, é um modo de existir,
Num mundo que grita e que nunca se encerra.
Sombra e luz se entrelaçam na luta,
O desejo e o medo, um perpétuo dilema.
Mas há beleza na busca absoluta,
Por romper as correntes e a própria algema.
Assim, celebro a resistência sagrada,
Do ego que não se rende, que enfrenta,
Na psique, a jornada muitas vezes pesada,
É também um canto, uma essência que sussurra e alimenta.
Nas fissuras do ser, onde o eu se revela,
O ego, sempre audaz, desafia o destino,
E na dança da vida, essa eterna novela,
É na resistência que encontramos o divino...
'SOBRE A VIDA...'
Pode nos falar um pouco sobre 'solidão'?
- Creio que a maioria das pessoas sentem ou já sentiram. Sentir solidão é saudável. Às vezes não! Depende de quem a estar sentido no momento. Gosto da solidão, de me sentir solitário. De estar perdido no meu mundo sem ninguém para interferir nesse transe. Sentar na minha escada sozinho e ficar observando os degraus que fazem parte das minhas ilhas, meus ventos, cheiros. De voltar no ontem e abraçar o singelo vislumbrando o futuro. Ler alguns livros e não compartilhá-los por que ninguém os entenderiam. Solidão me trás introspecção, deixa-me suave com meus abandonos...
- O lado negativo de sentir solidão é que as pessoas próximas te interpretam mal. Te veem diferente. Às vezes queremos ficar sozinhos enxergando nossos delírios, viajando por lugares semelhantes, outros desconhecidos. Conotar as mesmas paisagens, ou lugares que nunca fomos. A solidão é esse pilar que, de alguma forma, tenta nos afastar da realidade, embora sabendo que nos próximos minutos, estaremos com os pés novamente em cicatrizes, consumidos pela exaustão de mais um dia, um novo dilema...
--- Risomar Sírley da Silva ---
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IMAGEM
As velhas imagens guardadas no escuro sótão, respiram o pó de memórias que nunca morrem. O rosto fixado na percepção já amarelado, revelam histórias escondidas em olhares e pixels desbotados no tempo...
Caminhos e pensamentos estreitos do passado são palavras em ecos longínquos. Corre-se despreocupado nos campos, em tardes douradas que o tempo esqueceu engavetado. A brisa ressoa saudade..
As representações é um portal de lembranças, um reflexo de instantes cristalizados. Os anseios nos rostos familiares, contam sagas de amores que se foram e desafios presentes, hoje, são apenas folclore...
Na velha casa de palha, a mesa é sempre posta para o jantar, onde o aroma de pratos esquecidos ainda pairam. As risadas ao redor, agora sussurros, são a prova de que o passado está presente em formatos absortos...
E assim, diante dos apocalipses que se guardam, rever-se o obsoleto que nunca se apaga. As lembranças, como estrelas no céu noturno, iluminam o presente com sua imitação quase eterna...
Em cada rabisco, uma vida se desenha, traçadas por sonhos, lágrimas e gracejos. O tempo, senhor de todas as coisas, é vencido pela eternidade do instante capturado...
As imagens nunca morrem, subversivas trocando sonhos. E o encontro é sempre afável, numa trilha que não finda. E assim caminha-se, perpetuando imagens criadas...
--- Risomar Sirley da Silva ---
Nossa intuição é sagrada. Não significa que devemos levar tudo o que ela nos diz ao pé da letra, porque ela pode ser influenciada apenas por uma falta de simpatia, pelo momento que estamos passando ou pelo excesso que nos rodeia quando desconfiamos de algo.
Só que precisamos respeitar quando a nossa intuição se manifesta. Escutá-la, sabe? Não desconsiderá-la por completo. Porque se acendeu o sinal. Se o alarme tocou. Se algo sussurrou baixinho no nosso ouvido é porque no mínimo devemos ir mais devagar. Ter calma e respirar fundo.
A gente se empolga. Se apaixona. Se entrega. Conta todos os segredos as novas amizades. Deixando nas mãos da intensidade nossas ações e, contrariando a nossa intuição, vamos pulando etapas. Vivendo de exageros.
Como se o mundo fosse acabar amanhã, colocamos nosso sentimento em risco. E por mais que o outro esteja na mesma vibe que você, por mais que a outra pessoa seja intensa como você é, nem todo mundo tem a responsabilidade afetiva quando a euforia passa.
Por isso, nem tão devagar. Nem tão rápido. O ideal é ficar atento. Não se deixar enganar por equívocos. Mas apurar os ouvidos e tentar compreender a direção.
Paciência. Nossa intuição não joga palavras ao vento. Não desperdiça as suas forças em vão. Ela só abre o seu alerta quanto tem certeza que alguém vai sair prejudicado de uma história. É que quando temos caráter, a nossa intuição também se preocupa com o próximo. E se ela percebe que você não está na mesma sintonia quando pensa está, ela avisa. Acredite. Ela avisa, sim.
Então, não tenha medo, mas respeite o seu faro. A voz que vem de dentro e que você tropeçou, caiu e se ralou tanto para deixá-la mais apurada merece atenção. Afinal de contas, cicatrizes sentimentais não devem ficar no coração por ficar. Faça valer a pena cada experiência que viveu e saiba aproveitar para se rodear de pessoas que você mereça. E que mereçam você.
Cada dia
eu me revolto mais
Embrulhado
na tua fantasia
de querer
não me querer
Inventando
aos quatro cantos
e cantando em versos
pelo avesso
que não me ama
mais
Todo dia
eu enlouqueço
e pago o preço
por não acreditar
Nessa tua loucura
Que a poesia,
ou outra forma de confissão escrita qualquer
- seja a forma ideal de dizer
aquilo que de outra maneira não diríamos...
Não há comunicação proveitosa no silêncio,
enganam-se os que calam-se
e ainda assim acreditam dizer alguma coisa
que mereça atenção.
Só o verbo pode se transformar em vida...
em carne,
em sangue,
em doce e sal!
COISAS QUE NÃO PERDOOU
Eu perdoou muitas coisas,
como críticas infundadas,
desqualificadas, ignorância
sobre algum assunto que domino,
até dívidas posso perdoar!
Mas não posso perdoar
duas coisas, pois sou humano!
Não perdoo ingratidão
nem falta de respeito
para com a dignidade humana,
seja contra mim
ou contra outro ser humano,
isso nunca.
DESORDEM, ARTE EM MOVIMENTO
Amo a deserdem da casa
em que duas almas habitam
almas que se doam,
se completam.
Amo assim também o desalinho
da cama úmida de amor e sexo
amo a desordem da paixão
onde não há regras,
tabus ou convenções.
Amo as coisas fora do lugar
papel rasgado,
poemas sendo escritos
Amo a vida de hoje
rejeito o desespero do amanhã
amo a cozinha desarrumada
onde faço amor e poesia
amo tudo que é belo
amo o que somos
arte em movimento!
AINDA PREVALECE O QUERER
Como é possível acreditar
numa humanidade feita de sonhos
os homens são apenas ventres insaciáveis
são restos de coisas mortas
átomos aglomerados
pelas mãos do caos.
A ideia de empatia
ou de sentimentos nobres
como amor, compaixão, lealdade
são belas expressões poéticas
mas são só desejos reprimidos
não são reais entre os semelhantes
pois quando se quer
não se tem os meios
quando se tem os meios
não se quer...
Assim vivemos, sempre na ilusão débil
de que se tivéssemos condições
seríamos pessoas melhores
mas o fato é que não temos
o que imaginamos ter
empatia por quem sofre
por quem não tem o necessário pra viver
alguns fazem algumas coisas
sob pressão culto social, sanguínea ou religiosa
mas nunca de maneira isenta de vaidade!
Evan do Carmo
MAIS UMA SOBRE PLATÃO.
Se por caso você soubesse
De tudo que às vezes eu sinto
Do quanto tenho que fingir
Para não revelar meus sentimentos.
Quanto sofro, aqui calado
Com uma dor infame no meu peito
Quantas noites não durmo
Pensando em você, no que poderíamos ter sido
Se juntos vivêssemos a ilusão do amor perfeito.
Você nunca saberá do meu tormento
Da aflição que é amar alguém secretamente
O amor é uma ilusão poética
Filosofia platônica, um canto sacrossanto
Que minha alma mesmo atônita
ainda canta pra você...
Evan do Carmo 26/09/2019
Vácuo
No vácuo, na falta de som
De luz, de poesia,
No caos da antimatéria
No infinito querer, jaz a ilusão:
Um pensamento morto
Uma discussão, a retórica
A dialética socrático-aristotélica
A coisa em si Kantesca (Kant)
Metafísica antipoética de Pessoa
A natureza viva de Cabral de Melo
O discurso sistemático cartesiano
O enfado amoroso kierkegaardiano
A impossibilidade da “república”
A ineficácia da “política”
O fracasso didático de Foucault
O erro freudiano, o sonho de Jung
O desejo superado de Lacan.
No vácuo, onde outrora estava o saber
Nada habita, sumiu a consciência
Só a falta de ar como indulgência
O temor de perceber que tudo,
Tudo é vácuo, percepção niilista
Representação, angústia Sartreana
Depressão, abismo, Schopenhauer.
O anarquismo, desgoverno, Proudhon
Sem coerção mental, pensamento avulso.
Foge-me a organização de Marx
“As massas” não se unem
Não há revolução… Nem salvação.
Morte à metafísica, lógica sem ação.
GAROTA DE COPACABANA
Copacabana também tem uma garota
Que anda marota até a praia do Leblon
Em Ipanema todos ficam encantados
Com seu rebolado quando escutam aquele som
É a beleza que caminha lado a lado
Com a natureza, com o balanço do mar
Rio, que rio é esse, que rio de tudo quando
Cá estou, é o balanço da moça faceira
Bela feiticeira que me escravizou
Copacabana tem uma beleza etérea
Uma musa eterna para um compositor
Um poeta velho ou um poeta moço
Cantam este colosso que ninguém criou
Foi Copacabana cantada primeiro
Pelo estrangeiro que por lá chegou
Só Copacabana ainda é princesa
Luz que a natureza nunca apagou
Rio, que rio é esse, que rio de tudo quando
Cá estou, é o balanço da moça faceira
Bela feiticeira que me escravizou
Copacabana todo fim de ano
Vem o mundo inteiro para lhe adorar
Mas logo em janeiro ela é só minha
Quando posso ver gente a caminhar
Na calçada larga de uma rua santa
Só o que me encanta é o seu andar
Rio, que rio é esse, que rio de tudo quando
Cá estou, é o balanço da moça faceira
Bela feiticeira que me escravizou
MORTE LEVE, NÃO DOLOROSA
Assim dizia um poeta,
este poeta que não era triste
nem viva sorrindo à toa
o poeta não era de muitos amigos,
tampouco de muitos amores.
Contudo, ao atingir a maturidade,
quando se viu saciado de dias
falou em uma conversa com Deus,
Deus esse que ele pouco incomodava
com suas necessidades de homem mortal.
Então disse o poeta, sem nenhum traço de melancolia:
Eu, de fato posso concluir com bastante satisfação
que a vida me foi agradável, até muito mais além
daquilo que eu desejava. Usufruiu de quase tudo
aquilo que é possível ao homem desfrutar:
tive filhos e esposa-amante.
Fui contemplado com o dom maior
reservado aos deuses entre os homens,
música e construção, poesia e espiritualidade,
fui pai e avô, usei com equilíbrio
tudo que dá prazer a carne e ao espírito.
Tive tempo e coragem para declarar meu amor
a quem de fato o merecia. Fui bom amigo,
marido dedicado e leal.
Fiz música e poesia para todos,
nunca calei diante da injustiça
em bora a tenha cometido em algum momento
por confusão mental e falta de critério..
Sempre tive coragem moral para defender minhas convicções
para pedir perdão e conceder a quem de mim necessitou,
creio que agora estou concluso, no verso e na prosa.
Então que a morte seja breve, embora leve não possa ser,
mas para mim não será dolorosa.
Evan do Carmo 13\12\19
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